Mesmo durante a pandemia do Novo Coronavírus (Covid-19), várias áreas da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) não pararam. A exemplo disto estão as atividades de pesquisa e extensão, que tiveram que se adequar para manter suas ações. A Pró-reitoria de Pós-graduação, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Propit) e a Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis (Proex) contam como foi o processo de adaptação.
Para manter as atividades de pesquisa, inicialmente foram regulamentadas duas normativas, conforme orientações do comitê de biossegurança da instituição. O acesso aos laboratórios de pesquisa foi limitado ao número máximo de duas pessoas de forma simultânea, com medidas de segurança, como uso de máscara, higienização das mãos e uso de álcool em gel 70%, garantidas, bem como tempo de permanência inferior quatro horas diárias.
Pesquisa
Embora algumas pesquisas tenham sido suspensas por conta das atividades de laboratório, outras tiveram que se adaptar e mudar o foco, como é o caso da pesquisa de Geração de energia renovável por meio de processos termoquímicos e a Aplicação de biomassa para produção de materiais adsorventes para tratamento de poluentes presentes em efluentes líquidos. Ambas pesquisas são coordenadas pela professora e pesquisadora, Luciane Batistella, do curso de Engenharia de Minas e Meio Ambiente e Instituto de Geociências e Engenharia, com a colaboração dos discentes, Mylka Pereira de Souza; Beatriz Medeiros e Alice Lima Aguiar.
Leia mais:Luciene explica que grande parte das atividades de pesquisa desenvolvidas pela equipe são experimentais e ao final os dados são tratados em softwares. Com a situação pandêmica as atividades práticas realizadas em laboratório só foram retomadas depois da elaboração do protocolo de biossegurança.
“Em relação ao uso dos laboratórios foi criada uma agenda online de reserva para organização do fluxo de pessoas, sendo limitado o número de usuários. Assim, a equipe de pesquisa foi organizada de acordo com a disponibilidade dos discentes, os que residiam em Marabá puderam frequentar o laboratório e realizaram as atividades experimentais e, os demais, recebiam os dados e realizavam os tratamentos nos softwares. Em conjunto, a equipe vem publicando os resultados em congressos e revistas da área. Atualmente, continuamos as atividades dos projetos da mesma forma, alguns atuando presencialmente e outros de forma remota”, relatou a pesquisadora.
Para a docente, a pesquisa incrementa a formação dos discentes, que se tornam profissionais com uma excelente visão de ciência e explica a importância da continuidade dos projetos de pesquisa. “É uma das formas de manter professores pesquisadores e discentes motivados e ativos na vida acadêmica. Tudo isso é importantíssimo para tenhamos condições psicológicas para enfrentar os diversos problemas que a pandemia trouxe para nossa vida”, destacou.
Extensão
Já a Diretoria de Extensão e Ação Intercultural (DEXT) prorrogou as ações de extensão e solicitou que os coordenadores alterassem as metodologias para que fossem realizadas de modo remoto. Foram realizadas reuniões com os coordenadores dos programas e projetos sobre as possibilidades e caminhos possíveis para as ações de extensão em tempos de pandemia.
Todo esse material permitiu com que as decisões e encaminhamentos da DEXT fossem feitas com base nos desafios e práticas em execução. Todas as informações deram indicativos relevantes para o planejamento das ações de extensão e cultura na transição para uma pós-pandemia, que está sendo no momento construído com a equipe.
O diretor da DEXT, Eudes Leopoldo, explica que a pasta atuou para que as atividades de extensão fossem realizadas de modo remoto e uma boa parte das ações continuaram a partir da utilização de tecnologias e metodologias ativas. No entanto, devido à natureza de certas atividades, algumas ações foram suspensas ou concluídas antes do prazo de finalização da vigência da prorrogação.
Outra atividade que precisou ser readequada para continuar foi o programa de extensão de monitoramento da pesca, que teve início ainda em 2015, em uma fase experimental na vila Tauiry e Santo Antonino (Itupiranga) e na APA Araguaia (Vilas Santa Cruz e Ilha de Campo – São Geraldo do Araguaia), contando com o apoio da Proex e Propit. Com o trabalho de monitoramento desenvolvido ao longo dos anos o programa fechou importantes parcerias como a da Embrapa, em 2018, período em que teve uma remodelagem em sua nomenclatura, onde passou a se chamar de “Monitoramento e manejo participativo da pesca artesanal como instrumento de desenvolvimento sustável em comunidade da Amazônia (PROPESCA – TO/PA/RR)”, envolvendo outros estados parceiros, além do Pará, como o Tocantins e Roraima.
Cristiane Vieira da Cunha, coordenadora do projeto e doutora em ciências ambientais, explica que com a pandemia foi necessário adequar a metodologia para que o trabalho não parasse, mesmo diante da atual realidade pandêmica. “Começamos pelos monitores locais, com orientação sobre as medidas de prevenção. Distribuição de kits de proteção individual (mascaras e álcool em gel), para eles e para os pescadores e pescadoras. Nosso foco no início da pandemia foi fazer a vigilância sanitária dessas comunidades e na orientação sobre a venda do pescado de maneira segura. Os monitores de pesca, por serem da localidade ficaram responsáveis por organizar um grupo de WhatsApp em cada comunidade. Neste grupo tínhamos a possibilidade de fazer a vigilância sanitária e enviar orientações diversas, mesmo no cenário de distanciamento social”, relata.
Depois desta fase inicial da pandemia, Cristiane informa que passaram a orientar os pescadores a mandarem suas produções por foto ou em áudio. “Os monitores anotavam e depois enviavam para tabulação”, pontua.
Desafios do monitoramento durante a Pandemia
O distanciamento social, necessário como medida de segurança contra a Covid-19,foi um dos maiores desafios de continuar com esse projeto durante a pandemia. “Esse tipo de projeto exigem uma presença constante nas comunidades e com os grupos de pescadores e pescadoras”, conta a pesquisadora. Para driblar esse desafio, foram criados grupos de WhatsApp. “Esse impacto foi amenizado com a criação desses grupos de WhatsApp locais, mas infelizmente nem todos os pescadores(as) têm acesso a estas tecnologias”, explicou.
Outro desafio é a escassez de recursos, “neste caso contamos com o apoio das associações locais, de lideranças, de movimentos sociais, que nos apoiam com combustível para levar ou buscar materiais, alimentação em dias de campo, doações de mascaras e álcool em gel, etc. Durante a pandemia também contamos com o apoio da Fiocruz, isto muito ajudou as comunidades do entorno do Pedral do Lourenção no combate à fome e a contaminação por Covid-19”, esclarece a pesquisadora.
Quantitativo
Atualmente, a Unifesspa conta com 340 alunos matriculados em Programas de Pós-graduação Strictu Sensu, com o total de 229 projetos de pesquisa, de alunos de Iniciação Científica (IC) e Inovação Tecnológica (IT).
Durante a pandemia a ciência ganhou visibilidade e protagonismo, é o que explica a Pró-reitora de pós-graduação, Pesquisa e Inovação Tecnológica, Gilmara Regina Lima. “Mesmo com ataques, a ciência mostrou que merece investimentos e tecnologia para se desenvolver”.
Uma das ações de valorização da pesquisa que aconteceu nesse período pandêmico, foi o lançamento do edital temático para apoiar pesquisa com tema coronavírus, a partir das cotas de iniciação científica apoiadas pela FAPESPA. “Essa foi uma tentativa de estimular as diversas formas de pesquisa com novo vírus e sobre desdobramentos causados pela pandemia no cotidiano das pessoas”, explica.
Do Programa Institucional de Bolsas de Extensão – PIBEX, há 13 programas e 53 projetos ativos. Suspensos são cinco programas e 23 projetos. Das Ações Permanentes de Extensão – APEXs, temos cinco programas ativos e três suspensos.
(Fonte:Unifesspa)