Com o tema “É tempo de transformar conhecimento em ação”, do dia 21 ao dia 27 de agosto é desenvolvida a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. Em Marabá, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) irá realizar uma semana inteira com programações internas para os alunos que estão retornando às atividades pedagógicas do segundo semestre.
Esse ano a proposta do tema é trabalhar em cima do conhecimento sobre as condições sociais das pessoas com deficiência, como meio de transformação da realidade.
Ao Correio de Carajás, Socorro Cavalcante, diretora da APAE Marabá, explica que são importante ações como essa que mostram a superação das barreiras vencidas. “Esse tema foi discutido entre todas as unidades. Transformar conhecimento em ação se faz necessário”, afirma.
Leia mais:Em Marabá a abertura oficial da Semana Nacional aconteceu na manhã desta sexta-feira (20), e contou com a presença de alguns colaboradores, pais e alunos.
A intenção é que ao longo de toda a semana sejam feitas divulgações e ações em prol da pessoa com deficiência. Socorro admite que ainda existe muito preconceito.
“Ainda tem gente que acha que a pessoa com deficiência não tem capacidade de competir, e é aí que se engana. Eles têm vontade de servir, de ser o melhor, de ser um ótimo profissional e amigo. Além de serem carinhos, são responsáveis”.
César Luís dos Santos, o Cesinha como é conhecido, tem 54 anos e foi um dos primeiros alunos da Apae. Participando desde o início, ele contou ao Correio de Carajás que gosta de tudo, do atendimento, do acolhimento e principalmente do carinho da “tia Socorro”, como chama carinhosamente a diretora da instituição.
“Quando a gente está precisando de um conselho amigo, profissional é a tia Socorro. A Apae me acolheu. Eu frequento aqui, ajudo nos eventos”, conta Cesinha, que anda de bicicleta por toda a cidade trabalhando.
“Eu trabalho pra aumentar a renda e se eu ficar em casa posso pensar coisa que não devo. Tenho que agir”, contou o fã número 1 do Grupo Correio, garantindo que assiste todos os dias o programa Fala Cidade.
Maria da Conceição Gomes, 55 anos, frequenta a Apa desde o início também. Acompanhando a filha Franciene Gomes, 29 anos, para seus tratamentos, ela afirma que se não fosse a entidade, sua filha não estaria como está hoje.
“Ela tem paralisia cerebral. Minha filha parecia uma boneca de pano, mole, babava muito. E desde que entrou na Apae só evoluiu. Hoje ela já anda com o apoio de um andador”, conta a mãe.
O preconceito enfrentado por ela e por tantos outros familiares de pessoas com deficiência ainda é uma triste realidade que machuca e incomoda. “Falam ‘lá vem a doida da Apae’. Isso dói. Fico triste com esses comentários, precisamos parar com esse preconceito. A Apae é uma entidade com pessoas que tem limitações. Não tem nenhum doido aqui”.
Durante a abertura oficial, Franciene e mais sete alunos receberam uma cadeira de rodas através de uma parceria com a Secretária Estadual de Saúde. “Agora com a cadeira de rodas vou poder passear com ela, estou muito feliz”, agradece a mãe.
No evento, João Chamon Neto, secretário regional do Governo, esteve presente e festejou esse momento com todos os presentes. “Estamos aqui para prestigiar e mostrar nossa parceria. Estamos sempre à disposição da Apae”. O Estado entregou cadeiras de rodas especiais a alunos da instituição neste ato.
Retorno às aulas
De acordo com a diretora da Apae o retorno será gradativo. Com atendimento individuais, em dupla e em grupos, Socorro explica que serão colocados no máximo cinco alunos em cada sala de aula.
“Nossas salas são amplas e bem arejadas. Estamos ansiosos para receber nossos alunos. Acredito que principalmente eles estão querendo e precisando retornar”, finaliza, ressaltando que todos os alunos já tomaram a segunda dose da vacina contra covid-19. (Ana Mangas/ Fotos: Evangelista Rocha)