A cineasta paraense Rosilene Cordeiro, em co-produção com a produtora Matou o Cinema e foi a Família, lança, em breve, o filme “Feitiço”. O trabalho é um retrato entre a ficção e o documentário, das memórias cotidianidades e encantarias do território amazônico, registrados em dois anos de viagens da diretora pelas cidades do Pará, inclusive em Parauapebas, na região sudeste.
“Feitiço” teve a pré-estreia no dia 2 de abril, durante o VI Festival Internacional de Cinema do Caeté (Ficca). No próximo dia 14 de maio (sexta-feira), o projeto realiza uma live com os atuantes a partir das 19h na página do facebook Hashtag Feitiço – O Filme.
“O ‘Feitiço’ surge das andanças que faço no meu Estado. Através do trabalho como professora, desde 2004 venho conhecendo esse Pará de dimensões continentais. Nesse processo, a gente vai descobrindo que, além da questão territorial, o Pará tem muitas histórias para contar, muitos mistérios e questões características muito bonitas em comum. Como sou uma pessoa ligada à arte, à performance e ao audiovisual, senti a necessidade de mostrar um pouco das paisagens da minha memória, durante esses anos de itinerários entre trabalho, arte e religiosidade”, conta Rosilene Cordeiro.
Leia mais:Por meio de ritos propostos por Rosilene, os atuantes Denis Bezerra, Francisco Weyl, Mateus Moura e Rubens Santa Brígida falam, dançam, peregrinam, cantam e se banham por cenários naturais das cidades de Bragança, Parauapebas, Irituia, Capanema, Soure, Ponta de Pedras e os quilombos Tartarugueiro e Santana, na Ilha do Marajó. Os artistas carregam, em comum, memórias afetivas ligadas a esses territórios. Rosilene nasceu em Belém, mas as crenças populares típicas da região interiorana sempre fizeram parte do seu dia-a-dia, já que sua família paterna é de São Miguel do Guamá e a materna, da região do Marajó.
“Eu sou, antes de tudo, uma criança que conhece o Pará pelas histórias contadas pela minha família, que vem desse lugar que chamam de ‘interior do Estado’. A gente vem fazendo imersões imaginativas desde a infância através dessas histórias, desses registros memoriais dos meus parentes. Aí surge essa ideia, de poder voltar a esses locais e fazer uma vivência artística lá”, explica.
omo contrapartida social, o projeto busca exibir o “Feitiço” nas cidades onde as cenas foram coletadas. Para isso, a direção executiva do filme está articulando junto às prefeituras locais, a melhor forma de fazer a transmissão, atendendo protocolos de segurança contra a covid-19. “Já estamos contatando as secretarias locais para veicular essa produção nesses municípios, onde a gente quer primeiramente estrear o filme”, finaliza.
O projeto
Com o incentivo do Edital Aldir Blanc Pará Audiovisual e apoio de Associação dos Artistas Visuais do Sul e Sudeste do Pará, o ‘Feitiço’ vai além do filme. Também visando a contrapartida social, entre os dias 22 de março e 1º de abril, o projeto realizou oficinas de cinema on-line e gratuitas, com 70% das vagas destinadas a mulheres e cursos direcionadas para professores da educação básica, atendendo à nova base curricular da educação, que propõe a utilização do audiovisual no apoio ao aprendizado. Ministradas pelo cineasta Rafael Ferreira, as oficinas discutiram temas como roteiro, imagem e cinema na sala de aula.
A cineasta
Rosilene Cordeiro é cineasta, performer e atriz de formação pela Universidade Federal do Pará com especialização em Estudos Contemporâneos do Corpo e mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura pela Universidade de Amazônia. No audiovisual, sua trajetória começa em 2010, quando atuou como preparadora de elenco do videoteatro “Dalcidiano”, dirigido por Francisco Weyl e Isabela do Lago, em Soure, na Ilha do Marajó. Ela foi homenageada na segunda edição do Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus. (Divulgação)