No Dia Mundial de Combate à Meningite, que transcorre neste sábado (24), é possível observar uma redução na notificação de casos da doença no estado do Pará, principalmente das meningites causadas pela bactéria Neisseria meningitidis, que é responsável pelos casos mais graves, podendo levar à morte em menos de 48 horas. A informação é do Grupo Técnico do Agravo Meningite ligado ao Departamento de Epidemiologia da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
De janeiro até o dia 10 de abril deste ano, o Pará teve 29 casos confirmados de meningite, representando uma queda de 69,14% em relação ao mesmo período de 2020, e de 78,19% em relação a 2019. No que tange aos óbitos, houve um óbito em 2021 contra 16 no mesmo período de 2020 e 12 em 2019.
Dos 29 casos confirmados, um caso que ocorreu em Belém foi classificado como doença meningocócica, que é a forma mais grave de meningite. Os demais 28 casos foram de outros tipos de meningite, ou seja, 03 de tuberculosa, 11 por outras bactérias, 05 de meningite não especificada, 05 de meningite viral, e 04 casos por outras etiologias. Não houve casos notificados de meningite pneumocócica e por hemófilo. Porém, do total de casos notificados em 2021 ainda há 13 sendo investigados e aguardando resultado laboratorial.
Leia mais:Segundo a coordenadora do Grupo Técnico, Diana Lobato, os principais fatores que podem ter contribuído para essa redução são o uso de máscara e o distanciamento social, medidas recomendadas como prevenção contra a Covid-19. No entanto, a queda também pode estar relacionada à subnotificação de casos, uma vez que todas as atenções estão voltadas para os casos de Covid-19. “Por isso, é importante que todos os profissionais e serviços de saúde de rede pública e privada estejam sensíveis e vigilantes mediante a um caso suspeito da doença”.
Ao comentar sobre dados de óbitos, Diana Lobato disse que o coeficiente de mortalidade também diminuiu, caindo de 1,08 óbitos por 100 mil habitantes em 2020 para 0,01 em 2021, ressaltando, no entanto, que em 2020, o coeficiente de mortalidade foi maior devido aos óbitos de pacientes imunodeprimidos (HIV/Aids) acometidos por meningite fúngica.
Ações da Sespa – Sobre o trabalho de notificação e investigação de casos suspeitos de meningite, Diana Lobato informou que é responsabilidade das Secretarias Municipais de Saúde, que devem encaminhar o paciente para o serviço de referência para confirmação de diagnóstico e tratamento da doença e adotar as medidas de profilaxia junto aos contatos dos doentes. Em Belém, é a Unidade de Diagnóstico de Meningite, que funciona no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB).
“Vale ressaltar que desde 2019 todas as amostras suspeitas de meningite, além de realizarem o exame de cultura (padrão ouro) estão sendo processadas para exame de biológica molecular, teste de Proteína C reativa em tempo real”, acrescentou Diana Lobato.
Quanto à Sespa, por meio do GT Meningite, cabem ações de acompanhamento semanal dos casos suspeitos de meningite, a fim de realizar a detecção precoce de possíveis casos e ou surtos; divulgação, entre os profissionais de saúde, sobre as notas técnicas e informe epidemiológico da meningite; atividades de Educação em Saúde informando sobre os sinais e sintomas da doença e medidas preventivas.
A meningite é uma inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal, geralmente causada por uma infecção por vírus, bactéria ou fungo.
A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, por via aérea (fala, tosse e espirro). Os principais sintomas são febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, dor e enrijecimento da nuca, e manchas pelo corpo.
Assim, a data alusiva tem a finalidade de destacar a importância da prevenção, do diagnóstico, do tratamento e da melhoria das medidas de suporte àqueles que lidam com os efeitos da meningite que pode matar ou deixar sequelas para o resto da vida.
Prevenção – Uma das medidas preventivas mais importantes é cumprir o calendário básico de vacinação –preconizado para as crianças e adolescentes, que dispõe de cinco tipos de vacina. Portanto, cabe aos responsáveis das crianças e adolescentes procurarem os serviços de saúde para atualização do calendário vacinal desta população de maior risco para a doença.
Outras maneiras de proteção são lavar as mãos com água e sabão ou álcool em gel para evitar disseminação de vírus e bactérias; evitar locais com aglomeração de pessoas; deixar os ambientes ventilados, se possível ensolarados, principalmente, salas de aula, locais de trabalho e transporte coletivo; não compartilhar objetos de uso pessoal, alimentos, bebidas, pratos, copos e talheres.
É importante manter as medidas preventivas contra a meningite, principalmente nesse período de chuvas intensas, que levam as pessoas a ficarem aglomeradas em locais fechados, o que propicia a propagação de diversas doenças infecciosas.
Alguns sintomas da meningite podem ser confundidos com os de outras infecções por vírus e bactérias. Criança chorosa, inapetente e prostrada, que se queixa de dor de cabeça, precisa ser levada, o mais depressa possível, para avaliação médica de urgência.
Tratamento – Não existe tratamento específico para as meningites virais. Os medicamentos para combater febre e dor são úteis para aliviar os sintomas.
Meningites bacterianas são tratadas com antibióticos aplicados diretamente na veia do paciente e sua administração deve começar o mais rápido possível para evitar complicações e sequelas.
Meningites causadas por fungos ou pelo bacilo da tuberculose exigem tratamento prolongado à base de antibióticos e quimioterápicos por via oral ou endovenosa.
Serviço:
Para o primeiro atendimento, os usuários do SUS devem procurar as Unidades Básicas de Saúde ou as Unidades de Pronto Atendimento (UPA), de onde, se suspeitos da doença, serão encaminhados para a UDM, ou o próprio estabelecimento de saúde atende e trata o caso de meningite. (Agência Pará)