O juiz Celso Quim Filho, atuando no plantão da Comarca de Parauapebas neste domingo (28), manteve preso Israel Gaia de Andrade, acusado de estupro de vulnerável contra a enteada de 11 anos. O crime vinha ocorrendo há quatro anos, segundo a mãe da vítima, que descobriu os abusos na última quinta (25), no Bairro Vila Nova.
Israel foi preso em flagrante no início da noite de sexta (26), enquanto trabalhava em Curionópolis, pela equipe da Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e ao Adolescente (Deaca). O magistrado relaxou a prisão em flagrante, entendendo não ser o caso, mas decretou a prisão preventiva do acusado diante dos depoimentos que apontam o crime. Desta forma, Israel segue recolhido na Cadeia Pública de Parauapebas.
Na noite de domingo, bastante revoltada, a mãe da adolescente relatou ao Correio de Carajás como descobriu o crime do ex-companheiro, com quem vivia há sete anos.
Leia mais:Conforme ela, na quinta-feira, estava com a filha de 11 anos no quarto do casal até que saiu para atender um cliente ao celular. Ao retornar, 15 minutos depois, abriu a porta de uma vez e viu o companheiro com uma das mãos embaixo do vestido da criança, enquanto a outra segurava o celular. “Notei que ele puxou a mão quando entrei”.
A autônoma levou a filha para a área externa da casa e questionou se Israel vinha fazendo algo com ela ou se já havia feito. A criança, entretanto, negou. Na manhã seguinte, sexta-feira, novamente abordou a menina, que mais uma vez negou. Em seguida, a autônoma simulou uma conversa com o padrasto ao telefone, dando a entender que já sabia de tudo. Neste momento, a criança sentiu-se segura para falar.
“Ela começou a chorar e perguntar se depois que ela falasse a gente poderia ir embora porque ele falava que ia me matar e que ia matar ela, falava que a gente não tinha ninguém e que era fácil a gente desaparecer”, conta. A mãe, imediatamente, pegou a vítima e a outra filha, de 13 anos, e procurou a Polícia Civil. No caminho, afirma, a criança contou que o crime vinha ocorrendo há vários anos.
“Era eu dormir e ele saía do nosso quarto e ia para o quarto delas. Ele pegava ela, levava para a área de trás e ficava abusando. Ela contou que quando estava tomando banho, enquanto eu estava estendendo roupa no quintal, o ‘demônio’ entrava no banheiro. Contou que quando a gente morava no Cidade Jardim ele colocou o pênis na boca dela. Foram várias e várias vezes… ela disse que nem lembrava quantas vezes aconteceu isso”, relata a mãe.
A mulher afirma nunca ter imaginado que o companheiro agia de tal forma, mesmo se considerando muito atenciosa com as filhas. Declarou, por exemplo, jamais ter saído de casa deixando as meninas sozinhas com Israel. “Aquele demônio mexe com a minha filha há mais de quatro anos, pelo que ela conseguiu relatar. Desde sexta não fui mais em casa, não dormi mais, não comi, não tive mais vida. Eu confiava nele”, declarou.
Ela acrescenta que a imagem do ex-companheiro era a mesma para as demais pessoas. “Ele se mostrava uma pessoa totalmente diferente, toda certinha. Todo mundo ficou besta, todo mundo que conhece ele está horrorizado porque ele não passava um semáforo…”. A autônoma garante que fará qualquer coisa para ver o ex-companheiro sentenciado pelo crime. “No que depender de mim ele não sai da cadeia. Não quero olhar para a cara dele nunca mais na minha vida”, encerrou.
A Reportagem não teve acesso a Israel para ouvir a versão dele dos fatos, mas à Polícia Civil, em depoimento, o homem nega as acusações. Sobre a denúncia do que houve na quinta, afirma que não estava vendo vídeos pornográficos e que não tocou na enteada. Alegou que estava ao celular participando de uma reunião da empresa na qual trabalha. (Luciana Marschall)