A Prefeitura Municipal de Parauapebas já recebeu, desde o início deste ano, R$ 1.208.717,40 decorrente do Programa Nacional de Alimentação Escolar, ligado ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. O ano letivo foi iniciado em modalidade não presencial no dia 1º de fevereiro. De lá para cá, entretanto, nenhuma família de aluno matriculado no ensino municipal recebeu o valor referente à merenda.
No dia 10 de fevereiro o município publicou a informação de que a recarga do Cartão Merenda em Casa, até então prevista para o mês passado, não estava disponível devido questões administrativas relacionadas à renovação do contrato da empresa prestadora do serviço. Acrescentou que a Secretaria Municipal de Educação (Semed) havia iniciado novo processo licitatório e deu, ainda, outra notícia desanimadora.
De acordo com a administração, o valor mensal não será retroativo, ou seja, as recargas do cartão ocorrerão a partir da data em que o contrato for efetivado. Neste cenário, fevereiro e março não deverão ser pagos.
Leia mais:Nesta semana, uma mãe já desesperada conversou com a equipe do Grupo Correio de Comunicação. Ela prefere ter a identidade preservada para não expor os três filhos que são estudantes matriculados na rede municipal.
Com o início da pandemia e decorrente paralisação das aulas presenciais, a mãe precisou largar o emprego para ficar de olho nas três crianças. Vive, atualmente, com R$ 250 mensais e o valor da merenda, que somava R$ 150 mensalmente, era o que ajudava na alimentação e aquisição de material escolar dos filhos.
“Já ajudava pra mim que pago aluguel. Tem que fazer compra, comprar gás, criança adoece… a gente manda mensagem e eles não dão resposta de nada, não têm previsão e é só postando tarefa no grupo (escolar). Pelo menos esse dinheiro do cartão dava pra um caderno, um lápis, uma borracha. Não é fácil ter três filhos pequenos pra manter”, desabafa.
Conforme ela, com as crianças o dia todo dentro de casa houve aumento do consumo de alimentação, sem contar a alta nacional dos preços dos produtos nos supermercados. “Tem muita gente que realmente precisa, como eu preciso. A gente só queria uma resposta porque não dizem nada”. Conforme a mulher, as contas estão atrasando mais a cada dia e ela não consegue arcar com todas as despesas. “Comprei uma cama e acho que a loja vem até buscar qualquer hora”, finaliza.
O Grupo Correio de Comunicação entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Educação solicitando entrevista com um representante do órgão para esclarecer a situação e tratar de prazos, mas o pedido não foi atendido. Em nota, a Reportagem foi informada apenas que o processo licitatório está em andamento com previsão de serem iniciados os pagamentos até o final deste mês. (Luciana Marschall e Ítalo Almeida)