No bairro da Paz, núcleo Cidade Nova, o adolescente Gabriel Sousa Lima, de 14 anos, estudante do 8º ano do ensino fundamental da escola Paulo Freire, participa de um projeto que está mudando a maneira dele aprender e a ter mais interesse pelos estudos. É o Territórios em Rede, uma parceria entre Secretaria Municipal de Educação (Semed), Fundação Vale e Cidade Escola Aprendiz, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que contribui para o desenvolvimento das pessoas por meio de políticas públicas voltadas à educação.
Como o projeto trabalha com novas metodologias de aperfeiçoamento do conhecimento do aluno, Gabriel ganhou um aliado a mais no processo de aprendizagem. “Eu estava muito desanimado devido à pandemia, tinha dias que não ia pegar minhas tarefas na escola, mas hoje, com as pessoas do projeto, isso tem mudado. Eles ligaram para minha madrinha e falaram desse projeto e eu gostei muito. Dou nota mil para eles”, disse o jovem Gabriel Lima.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) tem reunido dados sobre a situação educacional na pandemia. Em outubro de 2020, o percentual de estudantes de 6 a 17 anos que não frequentavam a escola (ensino presencial e/ou remoto) foi de 3,8% (1.380.891) – superior à média nacional de 2019, que foi de 2%, segundo a Pnad Contínua.
Leia mais:Em Marabá, o projeto atua com o objetivo de mitigar os impactos da evasão escolar, principalmente no cenário de pandemia, como afirma a diretora-executiva da Fundação Vale, Pâmella D’Cnop.
“A questão da evasão escolar se tornou ainda mais desafiadora em 2020. Um ano de medidas de distanciamento social e a suspensão das aulas presenciais. Nesse contexto, a Fundação Vale trouxe para Marabá o Territórios em Rede. Um projeto piloto que tem como objetivo identificar e, a partir do diagnóstico, enfrentar as causas da exclusão escolar. Tudo isso através de parcerias que envolvem o poder público e setores não governamentais. Com o projeto Territórios em Rede, nós esperamos contribuir para que jovens e crianças de Marabá, em idade escolar, exerçam seu direito a uma educação pública e de qualidade”, pontua.
Outra proposta do Territórios em Rede é a realização de ações na área de assistência social, saúde, desenvolvimento territorial e proteção à infância, crianças e adolescentes entre 4 a 17 anos, que estejam fora da escola ou em risco de evasão escolar. Ana Karla Galindo, coordenadora do projeto no município, analisa que durante a pandemia cresceu o número de crianças e adolescentes fora da escola por diversas situações e o trabalho dos articuladores é acompanhar esse aluno para garantir a educação, um direito fundamental.
“Percebemos alunos fora da escola. Então, entramos em cena para que a criança retorne. Para isso, criamos estratégias e identificamos cada situação, dificuldade e demanda dessa família e a encaminhamos para a Rede, possibilitando que essa família entenda que educação é direito da criança e adolescente e estamos em visitas domiciliares e instituições parceiras que podem ajudar essas famílias”, explica Ana Karla.
A parceria com a Semed é realizada através do apoio pedagógico, quando necessário, e acesso às informações de alunos para o acompanhamento. Além disso, é dado todo apoio necessário na execução dos trabalhos, conforme esclarece Fábio Rogério, diretor de Ensino Urbano da Secretaria Municipal de Educação.
“Esse projeto fortalece as ações da educação e outros setores e o foco é a criança em situação de vulnerabilidade. É uma estratégia para alcançar a criança, para acompanhá-la em várias ações do projeto, e inclui também um diálogo com as famílias. O principal objetivo é resgatar a criança para a escola e fazer o monitoramento da frequência dos alunos, pois a gestão escolar trabalha diretamente com os articuladores. É uma parceria importante neste momento de pandemia que passamos”, esclarece.
As famílias reconhecem o quanto o projeto tem incentivado os estudantes. A tia de Gabriel, Adriana Almeida de Sousa, disse que a iniciativa foi positiva, pois muitas crianças estão na rua e o projeto ajuda as famílias no acompanhamento das crianças com as tarefas da escola.
“Eu sou uma tia insistente e pedia ao Gabriel para ir buscar as tarefas, e um dia bateram no portão e me falaram do projeto e a intenção deles de acompanhar os alunos, tirá-los das ruas e fazer outras atividades. De lá para cá, o Gabriel faz todas as atividades dentro do cronograma, eles ligam toda semana para saber como está o estudo dele”, agradece. (Victor Haor – Ascom PMM)