A chuva que cai em grande volume desde o início do mês na região sudeste do Pará, aumentando os níveis dos rios, causa estragos nas zonas urbanas e rurais dos municípios. Em Eldorado do Carajás, por exemplo, a prefeita Iara Braga publicou decreto declarando situação de emergência no início da semana. Conforme o documento, o mau tempo provocou enxurradas na zona rural e alagamentos na zona urbana.
Em levantamento realizado pela Coordenadoria Municipal de Defesa Civil e pelas Secretarias Municipais de Assistência Social e a de Obras, foram detectadas 8.311 pessoas afetadas na semana anterior, quase 30% da população, estimada em 33.940 habitantes em 2020, pelo IBGE. Destas, 2.009 haviam sido desalojadas, 54 pessoas estavam desabrigadas, 134 estariam enfermas e 6.114 foram afetadas indiretamente.
Na zona rural, onde o caos se instalou, as enxurradas destruíram 39 pontes de madeira e danificaram outras 15 pontes. Foram identificados, também, 23 bueiros destruídos, sete danificados e 2.498 km de vicinais intrafegáveis.
Leia mais:O Correio de Carajás conversou na tarde desta quinta (25) com o vice-prefeito, Clenilton Alves de Albuquerque, que afirmou estar havendo dificuldade em restabelecer as condições normais, devido ao pouco maquinário possuído pela Prefeitura Municipal e à chuva, que segue caindo quase diariamente.
“Eldorado do Carajás tem território muito grande na zona rural e muitas pontes e estradas foram afetadas. Com o nosso pouco maquinário, infelizmente, não demos conta de atender a todos os chamados. Temos poucas máquinas que estão sendo utilizadas nas áreas mais críticas, mas com muita chuva também há pouco o que se fazer”, diz.
Conforme ele, na área urbana não há pessoas abrigadas até o momento, mas a gestão acredita que seja uma questão de tempo. “Estamos prevendo que em breve poderemos ter pessoas desalojadas e estamos trabalhando para que possamos receber da melhor forma possível estas famílias que estarão em situação crítica. Os níveis dos rios estão subindo e estamos muito preocupados, em busca de ajuda para que possamos atender”, acrescenta.
Os rios que causam o péssimo cenário são o Vermelho e o Sororó. Segundo o coordenador da Defesa Civil, César Falcão, o maior problema atualmente é o isolamento de comunidades rurais, devido às pontes arrastadas e estradas cortadas. “Há dificuldade, principalmente, da trafegabilidade dos produtores rurais para escoamento das produções, o que nos trouxe bastante prejuízo”, explica.
A região mais afetada, informa, é a Colônia Gameleira, onde a água passou por cima de pontes, mas outras regiões também têm sofrido com estradas cortadas e muitos atoleiros. “Na zona urbana ainda não temos problemas, mas temos área para abrigar e assistir as pessoas que podem vir a ser desabrigadas, com cestas básicas, inclusive. A previsão é de mais chuva no município e na região e podemos ter alagamentos e ocorrer de precisarmos receber essas pessoas”, encerra.
Conforme o decreto publicado, o município não possui recursos financeiros específicos para ações de Defesa Civil, a fim de dar conta dos prejuízos e danos causados pelas chuvas intensas. Neste sentido, a prefeita solicita em caráter de urgência apoio dos governos federal e estadual para ações de respostas e restabelecimento, como realização de obras estruturais que evitem danos mais graves.
O decreto permite, ainda, a convocação de voluntários e campanhas de arrecadação, a entrada de equipes em casas para prestar socorro ou pronta evacuação, uso de propriedade particular em caso de iminente perigo público e início de processos de desapropriação, por utilidade pública, de propriedades comprovadamente localizadas em área de risco intensificado de desastre. (Luciana Marschall – com informações de Ronaldo Modesto)