Uma discussão acabou por roubar – por alguns minutos – os holofotes de um momento importante para a saúde pública em Marabá. Enquanto profissionais de Imprensa aguardavam para registrar a vacinação de Rosinalva Nunes, uma discussão estourou dentro da Capela do Hospital Municipal de Marabá, entre o médico radiologista Mecenas Magno da Cruz Sales Júnior e a equipe da saúde municipal.
Em um primeiro momento, ele falava alto com as autoridades de saúde presentes, porém, não era possível entender qual era o motivo da exaltação. Do lado de fora, enquanto o Portal Correio e outros veículos de comunicação aguardavam para registrar a vacinação, Mecenas saiu de dentro da Capela e esbravejou que deveria ser vacinado.
A situação causou constrangimento e o clima ficou tenso, pois os ânimos foram à flor da pele e por muito pouco Mecenas não entrou em luta corporal com um profissional. O secretário de saúde, Valmir Moura, interviu calmamente na situação, mas o médico fez gesto ameaçador com uma mão na direção do secretário, o que foi registrado pelo fotógrafo do Portal Correio, Evangelista Rocha.
Leia mais:Na saída, a Reportagem do Portal conversou com o médico, o qual alegou que o motivo de sua exaltação se deu pelo fato de não ter sido incluído entre os profissionais da saúde que seriam vacinados no primeiro momento. Sobre sua função, ele acrescentou que precisa adentrar nas tendas, onde estão internados os pacientes de Covid-19, para assinar os laudos radiológicos, o que representa um risco, por ter contato com os enfermos.
“Tenho contato com pacientes infectados e mais de 70 anos de idade, eu estou no grupo de risco, logo, fui pedir que também fosse incluído entre os vacinados”, contou o médico.
Apesar da situação, Mecenas esclareceu que tudo já havia sido resolvido e que ele fora incluído entre os profissionais de saúde que serão vacinados no próximo lote de doses que chegarem ao município, dentro de 20 dias, conforme previu Valmir.
Procurada pela Reportagem, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura informou que o médico atende pacientes apenas no setor de pronto socorro. Todos os profissionais de saúde do grupo de risco do HMM foram orientados a permanecerem em casa, mas Mecenas Magno não aceitou e redigiu carta do próprio punho se responsabilizando a continuar trabalhando.
Ele já respondeu a mais de um PAD (Processo Administrativo). Em um deles, segundo a Ascom da PMM, depois de receber várias queixas de agressão a pacientes e colegas de trabalho, ainda na gestão passada, Mecenas foi afastado. Todavia, voltou por meio de Mandado de Segurança concedido pela Justiça.
Em outra situação, no ano de 2016, um agente prisional levou um preso para ser atendido no HMM e o médico que o recebeu foi exatamente Mecenas Magno, que teria agredido o agente prisional para retirar algemas do preso.
Sobre a situação desta terça-feira, dia 19 de janeiro, a Ascom da PMM informou que o Departamento Jurídico da Secretaria Municipal de Saúde estuda abertura de um PAD pelos atos cometidos no HMM. (Zeus Bandeira e Ulisses Pompeu)