Diante da repercussão da morte do bebê Lorenzo no ventre da parturiente Sarah Maria e do desencontro de informações sobre o que de fato aconteceu em pleno Ano Novo, que em tese deveria apontar para um tempo de concórdia, o diretor clínico do Hospital Materno Infantil (HMI) de Marabá, Fábio Oliveira Costa, aceitou romper o silêncio e se dedicou a receber equipes de reportagem em sua sala na manhã desta quarta-feira (6). Na oportunidade, ele eximiu de culpa a equipe médica de plantão e justificou que a demanda da maternidade é alta e nem sempre é possível prestar o melhor atendimento a todos, mas que os profissionais que atuam na unidade são operativos. Ele também se solidarizou com os familiares do bebê pela dolorosa perda.
Conforme o médico, Sarah esteve no hospital no dia 30 de dezembro de 2020 com situações não obstétricas, como enjoo e dores estomacais, o que prontamente foi solucionado pela equipe de plantão no momento. “Só que como ela possuía 37 semanas e cinco dias [de gestação] e é diabética descompensada, nós decidimos realizar também um exame chamado cardiotocografia para verificar a vitalidade do feto e avaliar se poderíamos aguardar o momento mais adequado para a realização do parto, que é com 39 semanas no caso da cirurgia cesariana”, narra Fábio.
Neste sentido, o diretor clínico pondera que Sarah teria de aguardar o resultado do diagnóstico – que costuma ser conhecido em até 15 minutos – e a análise médica, o que não aconteceu. “Esse exame teria que ser avaliado pelo médico de plantão. O médico, então, seria o responsável por liberar ou não a paciente. Se o bebê estivesse bem, ela poderia retornar para casa e aguardar um melhor momento para a extração, com o bebê mais amadurecido. Se o bebê não estivesse bem, faríamos o procedimento cirúrgico no mesmo dia, mesmo antes do tempo ideal. E o resultado desse exame não foi satisfatório, ou seja, o bebê não estava bem”.
Leia mais:Na denúncia feita pelo pai do bebê, Claudenor Peixoto, em mensagem replicada nas mídias sociais, Sarah foi orientada por uma enfermeira a esperar por duas horas para que fosse atendida por um médico, que no momento presumivelmente não havia. Fábio contesta. “Não ficamos nenhum momento sem médico. O que acontece é que os médicos estão fazendo outros procedimentos. Nós atendemos 23 municípios, então a nossa demanda é alta. E nenhuma enfermeira pode ter comunicado que não havia médico, até porque estaria mentindo. Aqui é plantão 24 horas”, endossa ele.
Para Fábio, quando Sarah voltou para casa, assumiu o risco da morte do bebê. Ele aproveitou para registrar suas condolências, em nome da maternidade, pela triste perda do casal. “Era para a paciente ter aguardado um médico para avaliação do exame de cardiotocografia. Naquele momento, toda a equipe plantonista estava trabalhando. Muitas gestantes eram atendidas no horário em que os fatos se sucederam, e não só naquele horário. Como falei, o Materno Infantil atende 24 horas por dia. Só que a paciente não aguardou e só voltou no dia seguinte, o que agravou ainda mais a situação”.
FAKE NEWS
Questionado por repórter do CORREIO sobre uma suposta agitação que teria acontecido nas dependências do HMI nesta semana, por efeito de uma omissão de informações da equipe médica ao esposo de outra parturiente, Fábio desafiou os responsáveis pelo que classificou de fake news a provarem a veracidade dos fatos. “Isso não aconteceu no HMI, garanto a você. E convido a pessoa que publicou isso na internet a provar que aconteceu. Nós temos os registros e profissionais competentes ao nosso lado”, completa. (Da Redação)