Uma sala da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Parauapebas faz as vezes de closet desde que a titular da unidade, delegada Ana Carolina Carneiro de Abreu, iniciou uma ação, apoiada pela própria mãe, para vestir mulheres que chegam praticamente sem nada e muitas vezes acompanhadas de crianças após serem vítimas de agressões domésticas.
O espaço abriga roupas, calçados, acessórios e até alimentos arrecadados por doações normalmente solicitadas via redes sociais ou pela genitora da delegada, que iniciou o movimento. “Minha mãe sempre foi uma pessoa caridosa e generosa. Quando eu vim para o Pará, para a Delegacia da Mulher, ela começou a pedir roupas para as clientes para eu doar para as vítimas que chegam aqui”, relembra a delegada.
Segundo ela, em uma ocasião a equipe resgatou uma mulher e uma criança, cobertas de picadas de mosquito, escondidas em uma área de mata. “Ela pegou muitas roupas e disse que tinha conseguido conosco o que ela precisava para continuar a vida dela. Isso me tocou, eu contei pra minha mãe e ela começou a coletar mais e mais roupas. Quando a gente mudou para este prédio e tínhamos o nosso próprio espaço resolvemos deixar um cantinho para doação”.
Leia mais:Ana Carolina relata que boa parte das vítimas de agressão doméstica vive em situação de vulnerabilidade social. “Além de roupas e sapatos, a gente pensou também em alimentos porque muitas vítimas tem falta de mantimentos em casa. Os agressores bebem o dinheiro e obrigam elas a entregarem dinheiro de auxilio, por exemplo”, informa.
É comum, ainda, vítimas fugirem dos locais onde convivem com os agressores apenas com a roupa do corpo e várias delas acabam com os pertences destruídos pelos companheiros. “Elas têm roupas destruídas, incendiadas, rasgadas… ficam sem nem ter comida para os filhos, aí a gente ajuda elas. Quase todas as nossas vítimas saem da delegacia com uma cesta básica e roupas”, conta.
Ana Carolina pede a quem puder ajudar doando vestuário ou alimentos que procure a DEAM de Parauapebas, localizada na Rua J, Bairro Jardim Canadá. “É muito importante e a quem puder doar a gente agradece. A gente sempre pede que doem roupa de mulher e de criança ou mesmo algum alimento”. Por fim, explica que não é realizado cadastro prévio para entrega de doações, feitas diretamente às vítimas que chegam na delegacia em situação vulnerável. (Luciana Marschall – com informações de Ronaldo Modesto)