Cobiça extrema, falta de zelo pela vida do próximo, desamor por si mesmo, elevado grau de sociopatia. Não há ainda explicações para o ato monstruoso praticado por Adriano Fernandes dos Santos Costa, de 20 anos, que matou a sangue frio quatro pessoas da mesma família, incluindo uma prima dele. O crime aconteceu esta semana na vila Novo Paraíso, zona rural de São Geraldo do Araguaia. A frieza do criminoso foi tamanha que ele permaneceu na cena do crime negando tudo até quando não podia mais.
Três das quatro vítimas tiveram os corpos empilhados em uma castanheira oca, como se fosse uma cena de filme de terror. As vítimas da chacina foram identificadas como Antônio Gonçalves de Sousa, de 42 anos; e Sandra Roza Sales Silva, de 37 (que eram marido e mulher); Catiele Silva Sousa, de 16 anos, e Charles Silva Sousa, de 18, que eram os filhos do casal.
O caso se registrou no dia 12, mas somente na noite do dia 13, já por volta das 23h, foi que o Departamento de Homicídios foi acionado para investigar o caso. Ao chegar no local os policiais descobriram que o delegado Gabriel Oliveira Batista e sua equipe já tinham efetuado a prisão em flagrante de Adriano, primo de Sandra. A polícia descobriu também que Sandra acolheu o criminoso em sua casa, na fazenda em que a família vivia, pois Adriano tinha problemas de convivência com seus pais.
Leia mais:Para o delegado Ivan Pinto da Silva, do Departamento de Homicídios, tudo indica que foi um latrocínio, pois havia R$ 5 mil no local antes do crime. Além disso, Adriano Fernandes fazia uso eventual de drogas e era suspeito de furtos anteriores, quantias de R$ 200 da família de Antônio e Sandra, a qual era a sua prima; e também de furtar R$ 3 mil de seu patrão anterior.
DINÂMICA DO CRIME
Ainda segundo o delegado Ivan, primeiro o acusado matou Antonio quando este estava deitado na cama. Em seguida, matou Sandra nos arredores da casa onde morava a família. Depois disso, assassinou a filha Catiele, quando ela estava no caminho de casa no retorno do colégio. Por último foi morto Charles que também chegava do colégio logo depois da irmã.
A vítima Charles foi último corpo a ser encontrado, pois estava em um pasto da fazenda distante dos demais corpos. As outras três vítimas foram jogadas no interior de um tronco oco de uma árvore. Todos foram mortos com disparos de arma de fogo calibre 20, de propriedade da família. Os corpos foram carregados em um carrinho de mão até os locais da desova.
O policial comenta que uma das coisas que fizeram a polícia começar a desconfiar de Adriano foi o fato de que ele tentou lavar as manchas de sangue na casa, mas não conseguiu fazer direito o serviço, deixando rastro de sangue pelo local.
E não foi só isso. Adriano não fugiu, permaneceu o tempo todo no local e inventou uma história inicial que a família tinha ido embora. O acusado chegou a escrever uma carta no caderno em que Sandra utilizava, passando-se por ela, dizendo que ela tinha ido embora. Mas esse engodo não convenceu o cunhado da vítima e o dono da fazenda onde a família trabalhava e morava, pois a letra era diferente da de Sandra e com muitos erros de português.
“É uma pessoa extremamente fria, tanto que ele nem fugiu do local, mas também não ajudou a procurar os corpos”, relatou o delegado Ivan da Silva, durante coletiva à Imprensa de Marabá.
CONFISSÃO
Quando os três primeiros corpos foram encontrados dentro do tronco de árvore, e os populares que participavam das buscas perceberam que Adriano era o autor das mortes, ele teve de ser retirado pela PM do local para evitar seu linchamento, pois havia cerca de 50 populares auxiliando nas buscas, que já estavam derrotados.
Somente no deslocamento para a delegacia, dentro da viatura policial, o maníaco confessou o crime. E ao chegar à delegacia de Polícia Civil, em São Geraldo, ele revelou o local do pasto onde tinha jogado o corpo de Charles.
Ainda de acordo com o delegado Ivan, as investigações agora serão tocadas pela delegacia de São Geraldo mesmo, no sentido de descobrir se a motivação do crime foi mesmo para roubar os R$ 5 mil ou se havia outra motivação, pois o acusado comentou que era desprezado pelos parentes e era tratado por Antônio como mais um dos funcionários da fazenda e não como um parente. (Chagas Filho)