Olhos baixos e expressões aflitas cobriam os rostos dos presentes no velório de Vanuza da Silva Barbosa, de 41 anos, e Jacsiane Barbosa de Moura, de 25 anos, pela perda tão inesperada de mãe e filha. Os corpos estavam sendo velados na residência da mãe de Vanuza, na Rua Floriano Peixoto, no Bairro São Félix I, desde às 15 horas da segunda-feira (30), e na manhã desta terça-feira (1º) foram sepultadas às 11 horas no cemitério do São Félix Pioneiro.
A Reportagem do Portal Correio esteve no velório, na manhã desta terça, onde compareceram muitos amigos e familiares das vítimas, entre eles o noivo da bacharela em Direito, Elismar Cabral, que também é advogado, a mãe de Vanuza, Valdeci Monteiro da Silva, e o ex-marido da ex-secretária Municipal de Turismo, Manoel Messias Moura, popularmente conhecido como “Manelão”.
Elismar Cabral, apesar de preferir não gravar entrevista, relembrou seus últimos momentos com sua noiva, relatando que no dia da execução, pela manhã, ele esteve na chácara para deixar alguns livros para ela. Na medida em que as palavras saiam da boca do advogado, descrevendo a conversa que teve com Jacsiane sobre um lanche que iriam pedir naquela noite, as lágrimas preenchiam seus olhos.
Leia mais:Ainda no local do velório, o ex-marido, Manelão, encontrava-se posicionado entre os dois caixões, aflito pelas perdas. Para a Reportagem, ele apenas disse não querer gravar entrevista, por estar muito abalado com toda a situação.
Uma mulher, possivelmente familiar das vítimas, interrompeu a conversa informando que toda a família estava sem condições de conceder entrevistas, por estarem impactados. Uma mulher que se dizia da família impediu até mesmo que a avó e mãe das vítimas, Valdeci Monteiro, que esteve a todo tempo perto dos caixões, falasse com a Imprensa.
O primo de Vanuza, Raimundo Macêdo de Moura, foi quem falou pela família. Ele reside em um projeto de assentamento em Nova Ipixuna, e ficou sabendo do duplo homicídio por volta das 10 horas da segunda-feira. “A família fica abatida com uma coisa dessas, mas Deus vai fazer justiça”, disse.
Ao ser perguntado sobre novas informações relacionadas ao caso, que está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios da Polícia Civil, Raimundo disse que só sabe o que foi noticiado pelos veículos de comunicação. “Como moro na ‘roça’, ninguém sabe direito, então, só fiquei sabendo pela televisão”, conta Raimundo.
Representando o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Mulher (Condim), estava presente no velório, Cláudia Cilene Alves Araújo, que afirmou que o caso não ficará impune, tendo já encaminhado ofícios para a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) e para a 10ª Região Integrada de Segurança Pública (RISP) cobrando justiça pelo crime.
“A sociedade se pergunta: ‘será que foi um feminicídio?’. Nós queremos saber, pois, não podemos aceitar que vidas femininas sejam perdidas e os responsáveis fiquem impunes. Apesar de as autoridades policiais terem informado que é cedo para afirmar algo, o que ouvimos de rumores não é fácil. Então, o Condim acompanhará esse caso para que não caia no esquecimento”, alertou Cláudia.
Por volta das 10h15, um líder religioso fez uma última oração para confortar os corações dos familiares e amigos e, às 10h30, o cortejo saiu em direção ao cemitério. Mãe e filha foram sepultadas uma ao lado da outra, e no momento de fechar os jazigos, muitas lágrimas caíram.
No cemitério, uma amiga da faculdade de Jacsiane, Priscylla Islla, conversou com a Reportagem, relembrando que a conheceu através do noivo, Elismar, descrevendo-a como uma pessoa meiga, que transmitia pureza e que fará muita falta. “Ela era uma pessoa maravilhosa, e nós, amigos, também queremos justiça pela morte de Jacsiane e sua mãe”, clamou ela. (Zeus Bandeira)