Correio de Carajás

Parauapebas: Vítima de violência de um médico está sob proteção

Já faz três semanas que Aline Luiza, residente em Parauapebas, está sob medida protetiva expedida pelo Poder Judiciário contra o médico Celso Gonçalves do Vale Filho, que a ameaçou e a agrediu fisicamente. Além disso, na delegacia de polícia, o médico desacatou e agrediu a própria delegada Ana Carolina, que cuidava do caso, conforme relato da autoridade policial. O caso se registrou no dia 5 deste mês e, de lá para cá, ele está sob liberdade provisória após pagar fiança de R$ 15 mil.

O caso teve ampla repercussão na cidade e na região porque mostra que a violência doméstica não é está relacionada a classe social, pois o acusado da vez é um médico. Na ocasião, ele foi preso em flagrante por suspeita de lesão corporal e ameaça no ambiente doméstico e familiar. A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) foi acionada por Aline.

De acordo com informações repassadas à reportagem, Celso Filho telefonou para a ex-namorada dizendo que daquele dia ela não passaria. Na mesma tarde, ele foi ao local de trabalho da vítima e a agrediu fisicamente.

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Do mel ao fel

Para uma emissora de TV, na ocasião, Aline contou que teve um relacionamento de oito meses com Celso Filho e que no início ele era muito carinhoso e havia uma troca de afetividade, mas com o passar do tempo alguns sinais de agressão começaram a surgir.

Como ela é uma mulher independente, não se sujeitou àquela situação e decidiu dar um ponto final ao relacionamento abusivo. “Ele tentou me controlar e por vezes eu não permiti”, declarou a vítima, acrescentando que cada vez mais o médico se tornava possessivo e violento, questionava a rotina dela e fazias agressões verbais.

No dia 5 de novembro, quando ela estava trabalhando no salão de beleza, ele chegou lá de surpresa e ameaçou dar dois tiros nela, de modo que a vítima pediu socorro, ao que ele não esperava, porque Aline sempre conseguia apaziguar a situação. Como dessa vez, ela pediu ajuda, ele a agrediu fisicamente. Ela lembra que apenas tentou se recolheu e tentou se proteger.

“Quando ele partiu pra agressão, eu só recobri o meu corpo com os meus braços e baixei, no que eu baixei eu senti aquela pancada”, contou a vítima a uma emissora de TV de Parauapebas.

Diante da agressão, a Guarda Municipal foi acionada e conduziu o suspeito à DEAM de Parauapebas. Já dentro da unidade policial, o médico Celso Filho teria se alterado e ofendido a delegada Ana Carolina, o que também motivou prisão. “Ele me desacatou e ameaçou também… Tive de prendê-lo por desacato e ameaça”, lembra a policial.

Delegada Ana Carolina: “Tive de prendê-lo por desacato e ameaça”

De acordo com a delegada, foi emitida uma medida protetiva para impedir que Celso Filho se aproxime da vítima e, caso ele descumpra, poderá ser preso novamente. Enquanto isso, Aline tenta seguir sua vida normalmente, dentro do possível, e orienta mulheres a denunciarem os agressores. “Busquem ajuda, não é fácil, eu venho tentando já há algum tempo; existe a questão da vergonha, do medo, as ameaças”, reafirma.

A reportagem não conseguiu acesso ao contato do médio acusado de violência doméstica para ouvir a versão dele sobre o caso. (Chagas Filho e Theíza Cristhine)

SAIBA MAIS

Delegado Thiago Carneiro destaca a importância da Lei Maria da Penha, que prevê penas para os casos de violência de gênero, seja doméstica e/ou familiar e um de seus avanços é que as autoridades policiais não dependem de denúncia da vítima para agir e os agressores são autuados em flagrante delito, além de que não existe mais a possibilidade de a vítima retirar a queixa, uma vez que o caso for parar na esfera policial. Isso só poderá ser feito em juízo numa audiência específica para este fim.