Nesta semana, Rios de Encontro, da comunidade Cabelo Seco, participou de três encontros virtuais, sendo um do Conselho Geral da Associação Internacional de Drama, Teatro e Educação (IDEA), de uma entrevista com coreógrafas do Peru e de Santa Catarina, para idealizar o novo espetáculo da Cia AfroMundi sobre a pandemia, e sobre o ‘Aprendiz Eterno’, idealizado do Instituto Nuestra Gente de Medellin, Colômbia, da Rede Latino-Americana de Teatro Comunitário.
No dia 7 de novembro, Dan Baron, coordenador internacional do Rios de Encontro, fez uma apresentação para os membros de IDEA sobre a necessidade, hoje, de regionalizar sua organização e se reestruturar para responder à emergência climática. “Colaborei como presidente desse Conselho por seis anos e depois, mais seis anos como presidente executivo”, disse Dan.
Ainda segundo ele, nessa pandemia, o IDEA está se reinventando através de webinars e promovendo reuniões mundiais virtuais, mas ainda tem desafios em confiar em uma nova geração de arte-educadores para cultivar uma educação ecológica inter-regional. “Hoje, além de sua agilidade e sensibilidade virtual, a nova geração tem uma motivação ética e olhar horizontal, capaz de inventar uma nova política inter-regional, inter-dependente e participativa”.
Leia mais:Manoela Souza, que coordenou o VII Congresso Mundial da IDEA em 2010, avalia que o discurso provocou as fundadoras da IDEA, mas ecoou nos jovens de África, Ásia, Europa e, em particular, em Cristina Guttierez, dançarina peruana que colaborou com Rios de Encontro em 2014. “Ela valorizou a voz juvenil que ajuda a crescer sua ética social”, avalia Manoela.
No dia 8 de novembro, Camylla Alves sentou na Casa dos Rios para reunir, via aplicativo Zoom, com Simone Fortes, do Coletivo Abayomi, de Florianópolis, colaboradora desde 2016 e, em seguida, com Cristina, um reencontro após seis anos. Depois de trocar umas reflexões sobre a pandemia, Camylla (25 anos), contou como uma baleia cheia de tecnologia na barriga a visitou num sonho. “Essa guardiã da memória do planeta Terra me inspirou. A pandemia carrega toda a história da exploração da natureza. Como ela te marcou?”
Simone interpretou a pandemia como um retiro mundial, incentivando reflexão sobre a essência da vida. “Mas confesso, minhas aulas sentem faltam da vibração dos tambores, da presença do coletivo e da intimidade corporal”. Ele criou uma ideia coreográfica, um ritmo na coluna, outro no peito e outro no braço, para representar os tempos confusos de quarentena.
Cristina refletiu. “Sinto tudo na minha respiração. A máscara gera tensão entre todos. Mas, atrás, a pandemia vem alterando nossa respiração, nosso ritmo. Cria uma inconsciência de alerta, auto-cuidado e intimidade.” Ela mostrou tudo com seu corpo e Camylla convidou as duas para colaborar.
No dia 9, Camylla, Manoela e Dan foram entrevistados por Diana Gutym de Medellin sobre a pedagogia eco-cultural de Rios de Encontro. “Dan criou o ambiente para eu me formar como arte-educadora, capaz de formar Camylla, que forma as meninas do Cabelo Seco através da dança de raiz. É uma cascata que transforma tempo”, testemunhou Manoela.
Camylla, por sua vez, chora. “Eu era elétrica. Dispersa. Hoje, me senti escutada, realizada. Vamos transformar essa pandemia em uma pedagogia de como viver bem.”
Em Florianópolis, sede Sul de Rios de Encontro, o projeto mundial de Bem Viver foi explicitamente aprovado numa forma histórica no dia 15 de novembro. O agrônomo ecológico, vereador Marquito Abreu (Psol), foi reeleito em primeiro lugar; e o primeiro Coletivo Bem Viver (PSol) de cinco mulheres foi eleito.
Marquito participou do primeiro Fórum Bem Viver, em 2017, sediado por Cabelo Seco, e no recente Fórum virtual em outubro, junto com Cíntia Mendonça, do referido Coletivo. “Fomos eleitos para proteger a Mata Atlântica a partir de nossa solidariedade com a Amazônia. Marabá, estamos juntos!”, “, disse Cíntia.