Deve ser recambiado para o Estado do Pará nos próximos dias o preso Rogério de Oliveira Dias. Ele foi preso esta semana na cidade de Belo Horizonte, capital das Minas Gerais, em razão de um mandado de prisão aberto contra ele desde o ano de 2000, pelo Poder Judiciário de Rondon do Pará. Rogério é acusado de intermediar o assassinato do sindicalista José Dutra da Costa, o “Dezinho”.
A vítima lutava pela reforma agrária na região e foi morta a tiros em um crime que teve repercussão internacional e levou o Brasil a ser penalizado pela Comissão interamericana de Direitos Humanos.
A reportagem deste CORREIO apurou que os advogados de Rogério já pediram revogação da preventiva dele, mas entidades de direitos humanos que acompanham o caso já estão cientes do processo e iniciaram um duelo judicial para manter o acusado preso.
Leia mais:Para essas entidades, colocar em liberdade o acusado Rogério, foragido há 20 anos, fere o acordo firmado pelo Estado Brasileiro perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
“Dezinho” foi assassinado perto de sua casa na noite de 21 de novembro de 2000. O pistoleiro, identificado como Wellington de Jesus Silva, não conseguiu fugir após o crime e foi preso ainda em flagrante. Ele ficou na cadeia até 2008, quando recebeu uma autorização para passar o final de ano em casa e nunca mais voltou.
Outro nome importante nessa trama é Igoismar Mariano Nunes, também apontado como intermediário na execução do sindicalista.
Mortes e ameaças
O caso é tratado com muita cautela em Rondon do Pará, pois no curso da instrução processual, uma das principais testemunhas, que ajudou a segurar o pistoleiro logo após o crime, Magno Fernandes do Nascimento, foi assassinada em sua casa e a morte dele nunca foi esclarecida.
Não é só isso: um dos substitutos de “Dezinho” na direção do Sindicado dos Trabalhadores Rurais de Rondon, Ribamar Francisco dos Santos, foi assassinado na porta de sua casa, em 6 de fevereiro de 2004. O crime também nunca foi esclarecido.
Além disso, Maria Joel Dias da Costa, viúva do sindicalista, vive escoltada até hoje por dois policiais militares em razão das ameaças que vem sofrendo ao longo dos anos. Outras testemunhas, devido ao medo de serem assassinadas, se mudaram de Rondon temendo por suas vidas. (Chagas Filho)