Quase metade (42%) da população brasileira adotou a prática de atividades físicas no último ano, segundo levantamento recente realizado pela Brain Inteligência e Estratégia. No entanto, para os 58% que continuam sedentários, a falta de tempo foi o principal obstáculo para o início de uma vida mais ativa fisicamente.
O estudo foi realizado com 740 adultos acima de 21 anos das cinco regiões do país, a partir de questionários aplicados em campo.
O trabalho aponta que, entre aqueles que são sedentários, a dificuldade da gestão de tempo foi o principal impeditivo (68%), seguido pelo desinteresse (28%). Há ainda um grupo menor que não pratica atividade física por questões de saúde (6%), cansaço físico e mental (6%) ou por motivos diversos, como experiências negativas anteriores, custos financeiros ou ausência de apoio social, sendo cerca de 1% cada.
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Já entre aqueles que são ativos fisicamente, os jovens são os mais engajados: enquanto 49% da geração Z declarou praticar esportes nos últimos 12 meses, entre os baby boomers esse número cai para 36%. A academia é o local preferido para a realização de atividade física entre os mais jovens (47%), enquanto a caminhada é o principal exercício praticado pelos baby boomers (46%).
Quando perguntados sobre as motivações para a prática de atividade física, o principal fator motivador é a saúde física em quase todas as faixas etárias. Por outro lado, a estética se destaca entre os mais jovens: 18% da geração Z praticam com foco na aparência, um percentual maior em comparação com as demais gerações, onde essa motivação se mantém abaixo de 10%.
Para Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica, os dados mostram que existe uma grande diferença geracional em relação aos cuidados com a saúde e às motivações para isso.
“Quando olhamos a quantidade de pessoas que praticam esportes, nós podemos dizer que não há um cuidado importante com a saúde física, porque 58% das pessoas não praticam esportes, e apenas 42% praticam. Embora nós não vejamos uma diferença importante estatística em grupos de renda, nós vemos uma diferença importante estatística em termos geracionais”, analisa.
“Na geração Z é praticamente empate, 49% praticam esportes, na geração Y, 42%, a geração X, 40%, e os baby boomers, apenas 36%. Ou seja, há uma escadinha clara de quanto mais novo mais se pratica esportes”, completa. “Nós podemos dizer que os brasileiros, na média, não cuidam tanto da saúde física. Quanto mais jovens, mais eles cuidam. Quanto mais idosos, menos eles cuidam. E os mais jovens cuidam mais pela estética”, acrescenta.
Comer fora de casa ainda é rotina semanal para mais de 60% dos brasileiros
Além dos hábitos relacionados à atividade física, o levantamento mostrou como estão os hábitos alimentares dos entrevistados. De acordo com o estudo, 62% dos brasileiros afirmam fazer refeições fora de casa ao menos uma vez por semana, seja em restaurantes, lanchonetes, food trucks ou por aplicativos de entrega. Apenas 29% afirmaram ter esse tipo de refeição raramente, e 9% com menos frequência.
Em relação ao consumo de carne, a região Sul se destaca: 63% dos respondentes afirmam consumir carne todos os dias. Por outro lado, o Sudeste apresenta o maior índice de alimentação flexitariana (47%), com menor consumo diário (41%).
O consumo de carne diminui de acordo com a idade: enquanto 65% da geração Z consomem a proteína animal todos os dias, apenas 34% dos baby boomers acompanham essa frequência. Por outro lado, a adesão a dietas como o veganismo é mais comum entre os jovens, com a geração Z apresentando o maior percentual (3%), enquanto nenhum entrevistado acima de 45 anos declarou ser vegano.
O interesse por padrões alimentares mais diversos também aparece quando analisamos o perfil dos praticantes de esportes: eles têm maior abertura ao consumo de proteínas alternativas: 26% já consomem ou experimentaram esse tipo de produto, contra 19% entre os não praticantes. Além disso, o desinteresse é menor entre quem pratica esportes (62%), indicando uma possível relação entre a prática esportiva e escolhas alimentares mais conscientes.
“Quando nós avaliamos a geração Z, ela é mais adepta tanto do veganismo quanto do consumo de carnes, e parece uma contradição. Mas no veganismo é fácil de entender, porque o veganismo entra em voga nos últimos 10 anos em especial. E ele pega justamente o surgimento da geração Z com a comunicação forte do veganismo”, avalia Araújo.
“Embora a pesquisa não se aprofunde nisso, nós podemos imaginar dois motivos potenciais [para o menor consumo de carne com o avanço da idade]: quanto mais idoso, mais a carne faz mal, mais ela pesa no corpo, e os cuidados com a saúde exigem uma alimentação mais balanceada. (…) Outro motivo é que, no Brasil, o consumo de carne está muito ligado a encontros sociais, muito mais comuns nas idades mais jovens”, afirma.
Em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, 35% dos brasileiros afirmam nunca consumir bebidas alcoólicas, enquanto 32% consomem pelo menos uma vez por semana. Outros 12% consomem com menor frequência (menos de uma vez por semana) e 18% o fazem raramente.
Apesar da preferência nacional pela cerveja, comum entre todas as gerações, os gostos se diferenciam entre as alternativas alcoólicas e faixas etárias. Os baby boomers, por exemplo, preferem o vinho, sendo a geração que mais consome a bebida (26%). Na outra ponta, a geração Z se destaca no consumo de destilados, com 27% optando por whisky, vodka, gin e outros.
(Fonte: CNN Brasil/Gabriela Maraccini)