Correio de Carajás

36° Festejo Junino de Marabá estreia com atraso e pouca acessibilidade

A tradicional festa cultural acontece entre os dias 23 de junho e 01 de julho

Fotos: Evangelista Rocha

A noite de abertura do 36º Festejo Junino de Marabá estreou com duas horas de atraso. O tradicional arrastão, momento em que todos os grupos culturais fazem um desfile partindo da Praça Duque de Caxias e caminhando até o Complexo Poliesportivo Santa Rosa, na Marabá Pioneira, estava previsto para iniciar às 19h30, mas o cortejo só partiu às 21h30. O motivo? Foi necessário esperar que todos os grupos culturais chegassem ao ponto de partida, para que enfim o arrastão pudesse começar.

Na noite de sexta-feira, 23, o impacto do atraso foi sentido pelo público, principalmente aqueles que levaram crianças pequenas para curtirem a festividade. Patrícia Silva Costa, agente de segurança patrimonial, acredita que é preciso mais pulso firme no cumprimento dos horários da programação. “Isso é complicado devido às crianças, além das pessoas que também trabalham no outro dia. Eu acho que o horário deveria ser bem rigoroso”, ela complementa refletindo que o ideal seria começar cedo e ter intervalos menores entre as apresentações.

Com o atraso de duas horas, o primeiro dia de Festejo Junino encerrou por volta da 1 hora da manhã. E para o marabaense que esteve no arraial e precisou acordar cedo neste sábado, 24, para trabalhar (ou estudar), horas preciosas de sono e descanso foram perdidas.

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A espectadora Flávia Fernandes falou para a reportagem do CORREIO que apesar de ser muito bom participar do evento com a família, o horário não estava legal, mesmo para aqueles que moram perto do Complexo Poliesportivo, como ela. “A gente mora aqui na Santa Rosa e o festejo é sempre um momento muito feliz, onde a gente só atravessa a rua, porém o atraso não é muito satisfatório”.

Já Larissa Cristina Mendes, técnica em enfermagem, mora um pouco mais distante, no Residencial Tiradentes (localizado entre os Núcleos São Félix e Morada Nova). Ela conta que é apaixonada por festa junina e marca presença todo ano. “Onde eu moro é muito longe e eu costumo ficar até o final. Sempre trago minha filha e quando ela dorme, eu levo até a casa da minha sogra e volto”. Pelo brilho no olhar ao falar que adora assistir às quadrilhas mirins e grupos de boi bumbá, é possível perceber que nem mesmo as horas de atraso são suficientes para minar a animação de Larissa. “A minha preferida é a Fuá da Conceição, e tem também a Rainha da Diversidade, que eu acho que é uma ótima oportunidade para elas e agrega muito ao festejo”.

Larissa Cristina Mendes e filha

Após a chegada do arrastão, cada grupo cultural adentrou na arena, realizando uma curta apresentação para o público. Na sequência, as candidatas à Rainha da Diversidade esbanjaram talento e cor pela arena.

Kathy Oeiras, Vichytoria Kadashy, Wouse Lioness e Kateryny Bardon

ACESSIBILIDADE

Além da ausência de pontualidade, a falta de acessibilidade no local da festa junina foi observado pela reportagem. Pessoas com carrinho de bebê, por exemplo, preferiram ficar em pé, junto à grade que delimita a arena, do que se aventurar pelos degraus da arquibancada.

Jhenifer de Souza Costa, contadora, dividiu com o CORREIO sobre a dificuldade de acompanhar o evento, tendo um neném que estava no carrinho. “Como eu tô com bebê, eu não vou ficar até tarde, porque ele dorme e tudo. Se tivesse um local confortável para estar com o ele seria melhor, mas não tem”.

Para aqueles com crianças pequenas em carrinho, o conforto da arquibancada é complicado não apenas por ela ser composta por degraus (o que dificulta a subida), mas por não haver espaço suficiente para deixar o objeto “estacionado”. Uma alternativa para isso, seria a colocação de plataformas suspensas e planas, como um camarote, onde as famílias (com bebês em carrinhos) conseguissem permanecer com mais conforto.

Esse detalhe também dificulta para que pessoas em cadeira de rodas ou pouca mobilidade, acompanhem o evento com comodidade.

O artigo 43, da Lei nº 13.146 de 2015 prevê que: “O poder público deve promover a participação da pessoa com deficiência em atividades artísticas, intelectuais, culturais, esportivas e recreativas”, inclusive garantindo a acessibilidade desses locais, além de assegurar a participação da pessoa com deficiência em igualdade de condições com as demais pessoas.

Na estrutura do 36º Festejo Junino de Marabá, além de não haver rampas de acesso à arquibancada (e nem local para a cadeira de rodas ficar parada), não há, na área próxima à grade, um espaço reservado para pessoas com deficiência e seus acompanhantes.

AMOR PELO SÃO JOÃO

Apesar dos entraves, o marabaense fez o que faz de melhor: aproveitar a festa. Foi o caso de Luciana Barros Martins, servidora pública, que marca presença na festa anualmente. “Todo ano eu venho com a família para curtir, eu gosto muito do festejo junino e a gente tá aqui todos os anos para participar junto com o pessoal”.

Luciana Barros Martins

Já a estudante Ingrid Gabriela Silva Rodrigues, esteve pela primeira vez na arena, motivada pela mãe, que foi brincante de quadrilha quando era mais nova. “A minha mãe dançava antes, mas ela demorou a mostrar pra gente, aí ela despertou essa curiosidade e viemos ver, para entender um pouco do motivo dela gostar tanto”, conta a jovem.

E quem também aproveitou para levar a família foi Franciane Magalhães. Acompanhada da filha, mãe e tia, ela foi até a arena para assistir as apresentações. Ela conta que acha interessante as diferenças entre quadrilhas roceiras e as estilizadas, e também opina sobre a inclusão da diversidade no festejo. “A rainha da diversidade eu acho válido, hoje a gente tem que incluir e levar para um número maior de pessoas essa cultura”.

Franciane Magalhães e família (à direita)

ESTRUTURA

A arquitetura do festejo foi montada no Complexo Esportivo Santa Rosa e conta com arena para apresentações, arquibancadas, praça de alimentação e um pequeno palco para apresentações musicais. Banheiros químicos foram instalados por trás da arena e a festa conta com o apoio da Polícia Militar, grupo de bombeiros civis e agentes de segurança patrimonial. (Luciana Araújo)