Correio de Carajás

105 anos: Logística da cidade favorece negócios

Se Marabá se ressentiu por ter perdido grandes projetos como a Alpa, sobre a qual se criou imensa expectativa? “Certamente!”, responde o professor José Otávio Pires, professor de economia da Unifesspa e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Cornell, em Nova York. “Marabá é uma cidade relativamente nova, cujo desenvolvimento se deve muito em função dos ciclos econômicos que viveu antes mesmo de se tornar um município autônomo: castanha, madeira, caucho e, mais recentemente, a exploração mineral, sabidamente o cobre do projeto Salobo”, declara.

O setor de serviços que surgiu em decorrência de Marabá ser um centro logístico e multimodal de excelência, mais recentemente se expandiu em vários segmentos criando uma rede de negócios que hoje se estende a vários setores da economia local, como o de hotelaria, serviços médicos e hospitalares, e o de turismo de negócios.

“Esse movimento em geral é pouco notado, mas se você der uma passada, por exemplo, em alguns hotéis de alto padrão da cidade vai ver que eles estão quase todos lotados. Se não fizer reserva, muitas vezes se corre o risco de ficar acomodação na cidade ou ter que se hospedar em outros de padrão menos exigente”, explica José Otávio.

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“Todos esses eventos, combinados, criaram uma cidade que hoje podemos dizer que não depende mais de uma só atividade, embora tenhamos que reconhecer que todos esses ciclos contribuíram para tornar Marabá um centro de serviços para toda a região. E digo mais: a cidade está caminhando para se tornar um dos mais importantes centros logísticos do Brasil, porque do Norte, com certeza, já é”, reitera.

#ANUNCIO

Ainda de acordo com José Otávio, essa vocação deve se consolidar tão logo ocorra o [tão esperado] Derrocamento do Pedral do Lourenço que vai tornar plenamente navegável a hidrovia Araguaia-Tocantins que, uma vez emoperação, será a maior da América Latina.

“É uma combinação de fatores que levará Marabá a dar um salto de desenvolvimento. É uma posição mais do que privilegiada, onde passam duas rodovias federais – a Transamazônica e a Belém-Brasília –; a Estrada de Ferro Grande Carajás, que sai de Parauapebas e cruza Marabá, em direção a costa do Maranhão; e em um futuro próximo a hidrovia”, detalha.

Recentemente, o professor José Otávio fez uma pesquisa com seus alunos do curso de economia da Unifesspa para avaliar o arranjo produtivo médico-hospitalar e dentário em Marabá. Descobriu que a cidade atualmente possui 200 consultórios médicos e mais de 120 gabinetes dentários, sem contar as clínicas e laboratórios para a realização de exames. “Muitos deles estão concentrados na Cidade Nova e formam um verdadeiro corredor de saúde bem no centro daquele núcleo”, observa.

Ainda segundo o economista, a tendência é que Marabá receba ainda mais serviços na área de saúde, graças à faculdade de medicina e ao dinamismo dessa atividade, que promete oferecer mão de obra especializada, gerar renda e serviços de utilidade pública.

“Isso, sem contar com a rede pública hospitalar que também se expandiu bastante nos últimos anos. O Hospital Geral de Marabá é um exemplo em cuidados intensivos. Também temos uma UPA para inaugurar, enfim. Outro indicativo do crescimento desse setor é que cada vez menos os moradores da cidade estão viajando para fora em busca de tratamento”, avalia.

Ainda no âmbito da saúde, o professor lembra que a própria Unifesspa está pleiteando junto ao governo federal a implantação de uma Escola de Medicina em Marabá, que seria instalada próximo ao Campus III, no Cidade Jardim. “A atividade médico-hospitalar hoje é um dos principais vetores do desenvolvimento em qualquer economia moderna porque gera uma infinidade de outros serviços. O conceito não é novo, basta ver o exemplo de outras escolas de medicina Brasil afora, como as da USP, Sírio Libanês e o Albert Einstein”, frisa.

José Otávio lembra que no Hospital Universitário de Cornell, onde estudou, em Nova York, as instalações ocupam até seis quarteirões. “A Escola de Medicina de Harvard, sozinha, é dona de 11 hospitais, com todas as especialidades médicas”, pontua.

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Logística e multimodal, Marabá desperta novas vocações

Os ciclos sucessivos que Marabá viveu até aqui foram exigindo dela ao longo do tempo uma série de serviços que antes não haviam na região, o que a tornam uma importante cidade de apoio para atender a demanda de municípios vizinhos de menor porte, mais pela localização do que pelo tamanho da economia destes. “Por essa razão, podemos dizer que a economia de Marabá deixou de ser potencial para ser emergente e dinâmica”, reforça o economista José Otavio Pires, professor da Unifesspa.

“O centro de convenções recém-inaugurado reafirma que Marabá tem uma economia dinâmica e emergente”.

Outro destaque da economia local, segundo o economista, são os serviços educacionais. “A cidade está muito bem servida de escolas de qualidade que atendem a demanda de uma classe abastada, formada basicamente por filhos e parentes de empreendedores rurais. Só a Unifesspa possui mais de 150 professores doutores, isso atrai pesquisa, formação de mão de obra capacitada, etc. O que, por sua vez, atrai profissionais do setor de turismo e médico”, sublinha

Pecuária

O setor da pecuária moderna, tecnificada e de alto rendimento, também mereceu destaque na avaliação do economista José Otávio. “Para se ter ideia, há 4 anos Marabá tinha 600 mil cabeças, agora já são mais de 1 milhão de cabeças. Já somos o quinto maior rebanho residual de gado do Brasil. Em 4 anos saltamos do 20º para 5º. Cresceu também o número de empresas vendendo produtos para o campo. Embora a atividade seja rural, ocorra no campo, ela tem forte reflexo na cidade, porque aumenta o poder aquisitivo e de consumo de seus moradores, além de fazer crescer a renda per capta no município”, opina, reiterando que Marabá não depende mais de ciclos para o seu crescimento. “O Pará já detém o quinto maior rebanho do brasil, com potencial de chegar ao 3º ou 2º lugar nos próximos 10 ou 15 anos”.

De acordo com o professor José Otávio, esses quatro setores dinâmicos da economia – serviços, hoteleiro, médico-hospitalar e agropecuário – geram insumos para a atividade econômica continuar crescendo. “Daí o fato de muitas empresas virem pra cá atraídas por grandes projetos que não vingaram, mas decidiram ficar porque perceberam o dinamismo da cidade em setores como os de serviços”, finaliza. 

(Adilson Poltroniere)

Se Marabá se ressentiu por ter perdido grandes projetos como a Alpa, sobre a qual se criou imensa expectativa? “Certamente!”, responde o professor José Otávio Pires, professor de economia da Unifesspa e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Cornell, em Nova York. “Marabá é uma cidade relativamente nova, cujo desenvolvimento se deve muito em função dos ciclos econômicos que viveu antes mesmo de se tornar um município autônomo: castanha, madeira, caucho e, mais recentemente, a exploração mineral, sabidamente o cobre do projeto Salobo”, declara.

O setor de serviços que surgiu em decorrência de Marabá ser um centro logístico e multimodal de excelência, mais recentemente se expandiu em vários segmentos criando uma rede de negócios que hoje se estende a vários setores da economia local, como o de hotelaria, serviços médicos e hospitalares, e o de turismo de negócios.

“Esse movimento em geral é pouco notado, mas se você der uma passada, por exemplo, em alguns hotéis de alto padrão da cidade vai ver que eles estão quase todos lotados. Se não fizer reserva, muitas vezes se corre o risco de ficar acomodação na cidade ou ter que se hospedar em outros de padrão menos exigente”, explica José Otávio.

“Todos esses eventos, combinados, criaram uma cidade que hoje podemos dizer que não depende mais de uma só atividade, embora tenhamos que reconhecer que todos esses ciclos contribuíram para tornar Marabá um centro de serviços para toda a região. E digo mais: a cidade está caminhando para se tornar um dos mais importantes centros logísticos do Brasil, porque do Norte, com certeza, já é”, reitera.

#ANUNCIO

Ainda de acordo com José Otávio, essa vocação deve se consolidar tão logo ocorra o [tão esperado] Derrocamento do Pedral do Lourenço que vai tornar plenamente navegável a hidrovia Araguaia-Tocantins que, uma vez emoperação, será a maior da América Latina.

“É uma combinação de fatores que levará Marabá a dar um salto de desenvolvimento. É uma posição mais do que privilegiada, onde passam duas rodovias federais – a Transamazônica e a Belém-Brasília –; a Estrada de Ferro Grande Carajás, que sai de Parauapebas e cruza Marabá, em direção a costa do Maranhão; e em um futuro próximo a hidrovia”, detalha.

Recentemente, o professor José Otávio fez uma pesquisa com seus alunos do curso de economia da Unifesspa para avaliar o arranjo produtivo médico-hospitalar e dentário em Marabá. Descobriu que a cidade atualmente possui 200 consultórios médicos e mais de 120 gabinetes dentários, sem contar as clínicas e laboratórios para a realização de exames. “Muitos deles estão concentrados na Cidade Nova e formam um verdadeiro corredor de saúde bem no centro daquele núcleo”, observa.

Ainda segundo o economista, a tendência é que Marabá receba ainda mais serviços na área de saúde, graças à faculdade de medicina e ao dinamismo dessa atividade, que promete oferecer mão de obra especializada, gerar renda e serviços de utilidade pública.

“Isso, sem contar com a rede pública hospitalar que também se expandiu bastante nos últimos anos. O Hospital Geral de Marabá é um exemplo em cuidados intensivos. Também temos uma UPA para inaugurar, enfim. Outro indicativo do crescimento desse setor é que cada vez menos os moradores da cidade estão viajando para fora em busca de tratamento”, avalia.

Ainda no âmbito da saúde, o professor lembra que a própria Unifesspa está pleiteando junto ao governo federal a implantação de uma Escola de Medicina em Marabá, que seria instalada próximo ao Campus III, no Cidade Jardim. “A atividade médico-hospitalar hoje é um dos principais vetores do desenvolvimento em qualquer economia moderna porque gera uma infinidade de outros serviços. O conceito não é novo, basta ver o exemplo de outras escolas de medicina Brasil afora, como as da USP, Sírio Libanês e o Albert Einstein”, frisa.

José Otávio lembra que no Hospital Universitário de Cornell, onde estudou, em Nova York, as instalações ocupam até seis quarteirões. “A Escola de Medicina de Harvard, sozinha, é dona de 11 hospitais, com todas as especialidades médicas”, pontua.

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Logística e multimodal, Marabá desperta novas vocações

Os ciclos sucessivos que Marabá viveu até aqui foram exigindo dela ao longo do tempo uma série de serviços que antes não haviam na região, o que a tornam uma importante cidade de apoio para atender a demanda de municípios vizinhos de menor porte, mais pela localização do que pelo tamanho da economia destes. “Por essa razão, podemos dizer que a economia de Marabá deixou de ser potencial para ser emergente e dinâmica”, reforça o economista José Otavio Pires, professor da Unifesspa.

“O centro de convenções recém-inaugurado reafirma que Marabá tem uma economia dinâmica e emergente”.

Outro destaque da economia local, segundo o economista, são os serviços educacionais. “A cidade está muito bem servida de escolas de qualidade que atendem a demanda de uma classe abastada, formada basicamente por filhos e parentes de empreendedores rurais. Só a Unifesspa possui mais de 150 professores doutores, isso atrai pesquisa, formação de mão de obra capacitada, etc. O que, por sua vez, atrai profissionais do setor de turismo e médico”, sublinha

Pecuária

O setor da pecuária moderna, tecnificada e de alto rendimento, também mereceu destaque na avaliação do economista José Otávio. “Para se ter ideia, há 4 anos Marabá tinha 600 mil cabeças, agora já são mais de 1 milhão de cabeças. Já somos o quinto maior rebanho residual de gado do Brasil. Em 4 anos saltamos do 20º para 5º. Cresceu também o número de empresas vendendo produtos para o campo. Embora a atividade seja rural, ocorra no campo, ela tem forte reflexo na cidade, porque aumenta o poder aquisitivo e de consumo de seus moradores, além de fazer crescer a renda per capta no município”, opina, reiterando que Marabá não depende mais de ciclos para o seu crescimento. “O Pará já detém o quinto maior rebanho do brasil, com potencial de chegar ao 3º ou 2º lugar nos próximos 10 ou 15 anos”.

De acordo com o professor José Otávio, esses quatro setores dinâmicos da economia – serviços, hoteleiro, médico-hospitalar e agropecuário – geram insumos para a atividade econômica continuar crescendo. “Daí o fato de muitas empresas virem pra cá atraídas por grandes projetos que não vingaram, mas decidiram ficar porque perceberam o dinamismo da cidade em setores como os de serviços”, finaliza. 

(Adilson Poltroniere)