Familiares, amigos e a comunidade escolar marabaense e parauapebense, em especial o cursinho Alicerce e a Casa de Educação Popular (CEP), estão devastados com o assassinato do professor de matemática Kaique José Dias Oliveira, de apenas 23 anos.
O jovem educador foi tragicamente morto assim que desembarcou do transporte que o levava de Marabá ao Terminal Rodoviário de Parauapebas na madrugada desta terça-feira (27), como noticiado por este CORREIO.
MAIS QUE EDUCADOR
Leia mais:Em meio ao choque e à tristeza que envolvem essa perda inesperada, Emerson Paulo da Fonseca, diretor do cursinho Alicerce, onde a vítima dava aulas, compartilhou um pouco sobre a vida e o impacto de Kaique na comunidade escolar.
“Soube da morte dele por meio de um colega nosso, que entrou em contato por telefone na madrugada”, relata Emerson. Ele descreveu Kaique como um professor dedicado e querido pelos alunos. Kaique tinha uma rotina marcada pelas terças-feiras, quando ministrava aulas pela manhã e à tarde, encerrando suas atividades por volta das 18h30 para retornar a Marabá.
“Xodó da meninada”, como foi descrito pelo diretor, a vítima construiu um vínculo de carinho e confiança com os alunos ao longo de mais de dois anos de trabalho na escola. Toda essa afeição também foi citada por Carine Santos, monitora de filosofia e sociologia e colega de trabalho de Kaique na CEP.
Os dois entrevistados asseguram que aqueles que tiveram o privilégio de conhecer o professor citam que ele era um mentor e uma fonte constante de inspiração. Segundo Carine, sua paixão pelo ensino transparecia em suas aulas, sempre interativas e cheias de energia positiva. Mesmo aqueles que não compartilhavam uma amizade íntima com Kaique sentiam seu calor humano, sua educação e seu amor incondicional por receber e acolher as pessoas.
“Na Casa de Educação Popular, Kaique era uma figura central. Desde os primórdios do movimento, quando as aulas eram realizadas em praças públicas, sua presença e contribuição eram inestimáveis. Como um dos educadores mais antigos, Kaique nunca hesitou em se dedicar plenamente à sua vocação de educador, inspirando gerações de alunos a perseguir seus sonhos acadêmicos”, diz.
EDUCAÇÃO PARA TODOS
Seu compromisso com a educação popular era evidente em seu envolvimento ativo no Cursinho Popular, o principal projeto da Casa de Educação Popular. Oferecendo aulas gratuitas aos finais de semana, o cursinho popular proporcionava uma oportunidade valiosa para os estudantes se prepararem para os desafios dos vestibulares. Kaique era uma parte integral desse movimento, moldando mentes e tocando corações com sua dedicação e gentileza.
A comoção e a tristeza entre os alunos são evidentes nas redes sociais. Para muitos, Kaique foi mais do que um professor de matemática; ele foi um guia e um amigo em um mundo muitas vezes desafiador. “Mesmo diante das dificuldades da disciplina, Kaique conseguia tornar a matemática acessível e interessante, despertando o interesse e a paixão em seus alunos”, disse um internauta na publicação sobre a morte do jovem.
O impacto da perda é profundo na comunidade escolar. “Estamos todos em choque. A notícia pegou todos de surpresa, especialmente por ele ser tão querido por todos”, lamentou Emerson. Os alunos do Alicerce, predominantemente do Ensino Médio, estão lidando com o luto pela perda de um professor tão estimado.
As instituições nas quais Kaique lecionava estão em luto. O Alicerce aguarda orientações da direção-geral sobre como proceder nos próximos dias, após dois dias de luto, considerando a sensibilidade e o estado emocional de todos, antes de retomar as atividades. Já o CEP, que iniciaria as aulas neste final de semana, também se resguardará em luto pela perda do educador.
AMIGOS
Em nota, os amigos mais próximos do professor afirmaram ao Correio de Carajás que ele era “um amigo gentil e alto astral, um filho amoroso e uma pessoa, que mesmo muito jovem, dedicou anos de sua vida à luta pela educação popular, causa na qual ele acreditava e mostrava o seu amor pela educação e crença em uma sociedade melhor. Foi na educação popular que ele mostrou o professor brilhante que era. Esses legados farão dele uma pessoa eterna para todos os seus familiares, amigos e alunos!”
MAIS INFORMAÇÕES
Em entrevista com a delegada de plantão que está investigando o caso, Yanna Azevedo, a reportagem não obteve novas informações, considerando que o caso está em andamento. No entanto, a instrução dada pela autoridade é de que qualquer pessoa com informação sobre o assunto entre em contato com a polícia ou disque denúncia do sul e sudeste do Pará através do contato (94) 98198-3350 ou pelo 181. O anonimato é garantido.
A reportagem também apurou que o velório continua sendo organizado devido ao tempo necessário para a perícia do corpo que será trasladado a Marabá por volta de 17h desta terça.
(Thays Araujo, com informações de Ronaldo Modesto)