Correio de Carajás

Flagelados da Folha 33 também reclamam sobre ausência de benefícios

O que a gente quer de verdade é o nosso recomeçar, porque teve gente que perdeu geladeira, perdeu fogão, perde guarda-roupa e esse dinheiro vai nos ajudar muito”, diz Luciana Rodrigues

Flagelados da enchente dos rios Tocantins e Itacaiunas, que moram na Folha 33, Nova Marabá, estiveram no início da tarde desta quarta-feira, 19, em frente à sede do CORREIO para pedir ajuda. O grupo, formado por 12 adultos e algumas crianças, se manifestou pacificamente a fim de ganhar visibilidade para sua atual situação.

“A gente tá reivindicando, nosso protesto é sobre os nomes que estão no celular do seu Marcos, isso é uma denúncia, ele não fez o repasse para o Corpo de Bombeiros, de Belém, não fomos cadastrados”, explica Elias Barroso. Segundo ele, o grupo está reivindicando seus direitos e reforça que todos os seus dados cadastrais estão nas mãos “deles”, se referindo à Defesa Civil de Marabá.

Questionado sobre as fontes das informações, ele afirma que elas vêm do próprio Marcos: “Ele mesmo mostrou pra nós no celular todos os cadastros, todos os números no celular dele, não repassou. Ele tá querendo fazer primeiro o pessoal que tá inscrito, que eles fizeram passando casa por casa, para depois beneficiar os do abrigo”.

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O queixoso também elenca os prejuízos causados pela cheia de 2023, como a perda de móveis, custo com pagamento de frete de mudança, dívidas, alagamento da residência e reclama que os abrigados da Folha 33 só receberam duas cestas básicas, nenhum gás de cozinha e nem água. “Eles não trouxeram nada para nós, não vieram nem olhar, nem fazer segurança. Teve um monte de coisa errada aí”, avalia.

Ele alega que Marcos comunicou ao Corpo de Bombeiros de Belém que os flagelados haviam sido transportados do abrigo para o 5º Grupamento de Bombeiro Militar, mas que isso não aconteceu. “Esqueceram foi da gente, não passaram, deixaram nós a mercê de tudo”, enfatiza. Ele acrescenta ainda que o abrigo já está sendo desmontado, apesar de 40 famílias ainda estarem morando lá.

O grupo explica que decidiu procurar a imprensa para pedir auxílio: “A gente precisa da ajuda de vocês para poder falar a verdade. Para a gente mostrar para todos que estamos precisando de ajuda e que tem muitas famílias necessitadas ainda. Essa é a realidade”.

POSICIONAMENTO DA DEFESA CIVIL

Procurado pela Reportagem do CORREIO para falar sobre a queixa dos flagelados, Marcos Andrade, coordenador da Defesa Civil de Marabá, confirmou através de ligação telefônica que os cadastros realizados junto aos atingidos pela enchente na Folha 33, foram repassados para o órgão responsável, a Defesa Civil do Estado. Marcos informou que na próxima semana a Defesa Civil de Marabá fará a entrega de mais cestas humanitárias para os flagelados, frisando que essa distribuição é realizada seguindo um cronograma, pois outros abrigos também são atendidos.

Sobre o transporte dos desabrigados para o 5º GBM, para realização dos cadastros, ele detalhou que quem realizou o serviço, na época, foi o próprio CB e, devido à grande demanda, a corporação pediu ajuda à Defesa Civil, para que fizesse a captura dos dados cadastrais in loco. Conforme ele, as informações foram repassadas para o órgão responsável pelo Programa Recomeçar.

PAGAMENTO DO PROGRAMA RECOMEÇAR

Na terça-feira, 18, flagelados que atualmente ocupam o abrigo localizado na entrada da Marabá Pioneira fecharam a Avenida Antônio Maia na altura daquele local. A principal reivindicação do grupo foi sobre a demora no pagamento do recurso de R$ 1.302, do Programa Recomeçar. O major Felipe Galúcio, comandante do 5º Grupamento Bombeiro Militar, esteve no local para conversar com a população e sanar os questionamentos levantados por eles.

Por lá, o major explicou aos manifestantes que o Programa Recomeçar visa a auxiliar o retorno dos flagelados à normalidade de suas vidas e será retomado ainda nesta semana. “Por isso que os pagamentos foram retardados até agora. Existe uma programação para recomeçar os pagamentos a partir de agora, sexta-feira (21), data em que será feito o pagamento do primeiro lote e, a partir da próxima segunda-feira (24), os seguintes serão efetivados gradualmente. O major frisa que não é possível realizar todos os pagamentos de uma vez só, devido à logística e análise gradual de cada caso. (Luciana Araújo)