Correio de Carajás

Curso visa aumentar protagonismo feminino na política de Marabá

Com 75 inscritas, o curso “Elas na Política” acontece em seu quarto ano consecutivo em Marabá/ Fotos: Evangelista Rocha

A discrepância entre o número de eleitoras e a representatividade parlamentar é uma questão que tem buscado capacitar, motivar e criar espaço para as mulheres na política de Marabá. Em sua 4ª edição, o curso “Elas na Política” acontece nesta semana, entre os dias 23 e 27, no Plenarinho da Câmara Municipal e, por meio de módulos, visa inspirar protagonistas do processo político na cidade.

No cenário nacional, as mulheres compõem a maioria do eleitorado, representando 53% dos votantes. Apesar disso, sua participação nos espaços de decisão política ainda é significativamente desproporcional, como ocorre em Marabá, onde apenas duas vereadoras compõem o Legislativo num universo de 21 parlamentares.

Idealizado por Irismar Nascimento, uma das vozes femininas proeminentes no cenário político de Marabá, o Elas na Política busca inspirar e preparar as mulheres para ingressarem na política e ocuparem posições de destaque em todas as esferas do poder.

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A ex-vereadora Irismar foi idealizadora do curso, que pretende mudar o protagonismo feminino na política marabaense

“Por que nós temos uma representação tão pequena nos espaços políticos?” questiona a ex-vereadora. Ela ressalta a importância de envolver as mulheres nas decisões políticas, uma vez que a política influencia todos os aspectos de nossas vidas, desde questões familiares até as políticas públicas em nossa comunidade.

Para Irismar, é fundamental que as mulheres participem ativamente dessas decisões: “O que eu posso fazer para que mais mulheres tenham esse interesse em participar?” foi a pergunta que me fiz e que motivou a criação do curso”, rememora.

Ele foi concebido pela coordenadora-executiva da Escola do Legislativo, Gabriela Silva, em 2019, e desde então tem promovido uma formação política profunda e rica para mulheres interessadas em se envolver na política partidária e eletiva.

A coordenadora da Elmar, Gabriela Silva, cita a hostilidade no ambiente político como problemática

“A participação de mulheres no parlamento não passa de 12,5%, e isso é um problema que tem se agravado ao longo do tempo”, destaca Gabriela. Ela aponta vários fatores que contribuem para essa desigualdade, incluindo a sobrecarga de trabalho que as mulheres enfrentam, a hostilidade do ambiente político e a falta de financiamento efetivo para campanhas eleitorais.

A vereadora Cristina Mutran, uma das duas parlamentares de Marabá, aponta que, apesar das conquistas das mulheres ao longo dos anos, a representatividade feminina na política continua sendo limitada: “Nós somos o maior número de eleitoras, somos a maioria, mas quando olhamos para os espaços de representatividade, somos poucas”, lamenta.

Vereadora Cristina Mutran celebra as conquistas, mas reitera a falta de representatividade

Raissa Alves, aluna do curso e mentora do projeto “Meninas Que Inspiram”, reconhece a importância de envolver a juventude feminina na política desde cedo. Seu projeto busca preencher uma lacuna ao oferecer formação política para meninas marabaenses de 12 a 18 anos, dando voz e espaço para jovens mulheres de diferentes origens.

“A juventude precisa fazer parte disso. As mudanças só virão pelas nossas mãos”, afirma a jovem. (Thays Araujo)