Correio de Carajás

Chefe da agência de inteligência de Israel assume falha em impedir ataque do Hamas

Ronen Bar deu a declaração por meio de um comunicado enviado aos seus subordinados: 'A responsabilidade é minha', afirmou

Soldado israelense orienta tanque de guerra Merkava enquanto outro se posiciona ao longo da fronteira com a Faixa de Gaza, no sul de Israel — Foto: ARIS MESSINIS/AFP

O chefe da agência de inteligência de Israel (Shin Bet) assumiu nesta segunda-feira a responsabilidade por falhas na segurança interna do país que resultaram no ataque do Hamas, em 7 de outubro. Ronen Bar deu a declaração por meio de um comunicado enviado aos seus subordinados.

“Apesar de uma série de ações que realizamos, infelizmente, no sábado não conseguimos gerar um alerta suficiente que permitisse frustrar o ataque”, escreveu Bar. “Como aquele que dirige a organização, a responsabilidade por isso é minha. Haverá tempo para investigações. Agora nós estamos lutando”, acrescentou.

O sistema de defesa da Shin Bet detectou um movimento incomum na Faixa de Gaza em 7 de outubro. Os funcionários do alto escalão da agência chegaram a receber telefonemas para avisar sobre a movimentação atípica, mas os alertas oram ignorados, de acordo com o jornal The Times of Israel.

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Segundo a publicação, Bar esteve na sede da agência após os alertas iniciais e enviou uma pequena equipe para a fronteira de Gaza. No entanto, pelo menos dez membros do Shin Bet morreram durante o ataque do Hamas.

A invasão surpresa do Hamas contra Israel, o país que tem os serviços de Inteligência mais numerosos e bem financiados do Oriente Médio, colocou em evidência muitas falhas de segurança. O governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem recebido críticas pelos problemas.

Em um duro editorial, o Haaretz, principal jornal israelense, apontou Netanyahu como o responsável pelos ataques sem precedentes e destacou a incapacidade do premier de avaliar os riscos para a escalada do conflito representados pelas políticas abertamente hostis aos palestinos e pela presença no governo de representantes da ultradireita religiosa radicalmente antiárabes.

“O primeiro-ministro, que se vangloria da vasta experiência política e da sabedoria insubstituível em matéria de segurança, falhou completamente em identificar os perigos a que conscientemente direcionava Israel, ao estabelecer um governo de anexação e desapropriação, ao indicar Bezalel Smotrich [ministro das Finanças] e Itamar Ben-Gvir [ministro da Segurança Nacional, da extrema direita] para postos-chave, enquanto adotava uma política externa que abertamente ignorava a existência e os direitos dos palestinos”, diz o texto.

(O Globo)