Quase em clima de terror, a Cosanpa anunciou nesta quarta-feira, 30, racionamento de água para a cidade de Marabá, mesmo com o caudaloso Rio Tocantins apresentando vazão em torno de 1.500 metros cúbicos de água por segundo. É mais que cinco vezes o que o vizinho Rio Itacaiunas está jorrando neste período de seca. E olha que o Itacaiunas já daria conta de abastecer toda a Marabá com sobra.
Mas o mais intrigante é que no mesmo período, nos anos de 2015 e 2016, o nível do rio apresentava volume de água acima do registrado neste período. A empresa alega que a retirada de água na Estação de captação e Tratamento de água é feita dentro de um poço, que é ligado com o rio. Ocorre que esse poço não passou pela ampliação da ETA. Portanto, ele não atende o volume necessário da produção feita no restante da estação, localizada a 500 metros acima da ponte sobre o Rio Tocantins.
É bem verdade que, desde 2015, a bacia do rio Tocantins vem registrando chuvas e vazões abaixo da média. Em função das baixas precipitações, o biênio 2015/2016 foi o de menores vazões no Rio Tocantins já registradas em 86 anos de monitoramento. No último período úmido (chuvoso) da bacia, entre outubro de 2016 e abril de 2017, as vazões do Rio Tocantins foram as menores já verificadas de todo o histórico.
O déficit hídrico na região vem se acumulado em 2017, uma vez que as chuvas têm ficado consideravelmente abaixo da média esperada. Entre outubro de 2016 e agosto de 2017 (dados até o último dia 15), foi registrada somente 47% da média esperada o período. No curto prazo, não são esperadas precipitações com volumes significativos, situação considerada normal para o mês de agosto, que historicamente apresenta poucas chuvas.
Por que, pergunta-se, a Cosanpa só anunciou o racionamento depois que suas bombas apresentaram defeito? Segundo um técnico da concessionária que trabalhou exaustivamente para o conserto das bombas nos últimos dias, uma delas não teve conserto imediato e vai precisar de cuidados por tempo mais demorado. Por isso, a empresa resolveu anunciar o racionamento para justificar o menor volume de água que vai para as residências marabaenses.
Segundo Otávio Barbosa de Sousa, representante do Sindicato dos Urbanitários, os conjuntos motor-bombas são mais potentes e precisam de um volume maior de água. Além disso, eles também necessitam de uma limpeza periódica para retirar resíduos, como areia, concha e outros. “Nós questionamos quando o vice -governador, os ex-deputados João Salame, Bernadete ten Caten e a diretoria da Cosanpa apresentaram o projeto, por que o poço não estava nos panos de ampliação”, diz.
Em nota enviada à Redação do Jornal nesta quarta-feira pela Assessoria de Comunicação da concessionária, a informação era a seguinte: “A Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) informa que haverá racionamento de água nos núcleos Nova Marabá e Cidade Nova, no município de Marabá, sudeste do estado. A Companhia esclarece que a medida é necessária devido ao baixo nível do Rio Tocantins, de onde é feita a captação de água bruta para a Estação de Tratamento de Água da Nova Marabá, que distribui para os dois núcleos.
O abastecimento será suspenso no núcleo Nova Marabá às 22h desta quarta-feira, 30, e retorna a partir das 8h da manhã de quinta-feira, 31; nesse período o núcleo Cidade Nova terá o abastecimento disponível durante toda a noite, ficando suspenso a partir das 8 horas da manhã, quando será feito o movimento inverso para que Nova Marabá comece a receber água, e assim seguirá por 10 horas para cada núcleo. A Cosanpa ainda não sabe precisar por quanto tempo será necessário manter essa medida.
Segundo Ângela Raiol, coordenadora Técnica da Cosanpa em Marabá, “é indispensável que o núcleo Nova Marabá tenha água durante o dia, pois é onde ficam dois grandes hospitais da cidade”.
O presidente em exercício da Cosanpa, Antônio Crisóstomo, pede a compreensão da população de Marabá e esclarece que é a primeira vez que a companhia necessita adotar uma medida extrema desse tipo no município. “O índice pluviométrico foi muito baixo esse ano e nós perdemos 40% da vazão na ETA Marabá, por isso será necessário desligar uma das bombas para não danificar o sistema e isso implicará nesse racionamento de água”.
Segundo José Raimundo Souza, coordenador do 2º Distrito de Meteorologia no Pará, a estiagem já estava prevista para esta época, mas houve um fator surpresa. “Este ano houve uma antecipação desse fenômeno natural e o nível do rio Tocantins baixou 30 dias antes do período esperado”. Ainda segundo José Raimundo, a previsão é que o nível do rio Tocantins só comece a normalizar no mês de outubro, quando a estiagem deve ser amenizada com a volta das chuvas na região”.
Rio Tocantins
Com aproximadamente 2.400 km de extensão, o rio Tocantins é o segundo maior curso d’água 100% brasileiro, ficando atrás somente dos cerca de 2800km do rio São Francisco. O Tocantins nasce entre os municípios goianos de Outo Verde de Goiás e Petrolina de Goiás. Ele também atravessa Tocantins, Maranhão e tem sua foz no Pará perto da capital Belém. O rio também pode ser chamado de Tocantins-Araguaia, por se encontrar com o rio Araguaia. Os dois cursos d’água também dão nome à Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia, que é a maior do Brasil em área de drenagem 100% em território nacional. Por ser um rio interestadual, a gestão das águas do Tocantins é de responsabilidade da ANA. (Ulisses Pompeu)
Quase em clima de terror, a Cosanpa anunciou nesta quarta-feira, 30, racionamento de água para a cidade de Marabá, mesmo com o caudaloso Rio Tocantins apresentando vazão em torno de 1.500 metros cúbicos de água por segundo. É mais que cinco vezes o que o vizinho Rio Itacaiunas está jorrando neste período de seca. E olha que o Itacaiunas já daria conta de abastecer toda a Marabá com sobra.
Mas o mais intrigante é que no mesmo período, nos anos de 2015 e 2016, o nível do rio apresentava volume de água acima do registrado neste período. A empresa alega que a retirada de água na Estação de captação e Tratamento de água é feita dentro de um poço, que é ligado com o rio. Ocorre que esse poço não passou pela ampliação da ETA. Portanto, ele não atende o volume necessário da produção feita no restante da estação, localizada a 500 metros acima da ponte sobre o Rio Tocantins.
É bem verdade que, desde 2015, a bacia do rio Tocantins vem registrando chuvas e vazões abaixo da média. Em função das baixas precipitações, o biênio 2015/2016 foi o de menores vazões no Rio Tocantins já registradas em 86 anos de monitoramento. No último período úmido (chuvoso) da bacia, entre outubro de 2016 e abril de 2017, as vazões do Rio Tocantins foram as menores já verificadas de todo o histórico.
O déficit hídrico na região vem se acumulado em 2017, uma vez que as chuvas têm ficado consideravelmente abaixo da média esperada. Entre outubro de 2016 e agosto de 2017 (dados até o último dia 15), foi registrada somente 47% da média esperada o período. No curto prazo, não são esperadas precipitações com volumes significativos, situação considerada normal para o mês de agosto, que historicamente apresenta poucas chuvas.
Por que, pergunta-se, a Cosanpa só anunciou o racionamento depois que suas bombas apresentaram defeito? Segundo um técnico da concessionária que trabalhou exaustivamente para o conserto das bombas nos últimos dias, uma delas não teve conserto imediato e vai precisar de cuidados por tempo mais demorado. Por isso, a empresa resolveu anunciar o racionamento para justificar o menor volume de água que vai para as residências marabaenses.
Segundo Otávio Barbosa de Sousa, representante do Sindicato dos Urbanitários, os conjuntos motor-bombas são mais potentes e precisam de um volume maior de água. Além disso, eles também necessitam de uma limpeza periódica para retirar resíduos, como areia, concha e outros. “Nós questionamos quando o vice -governador, os ex-deputados João Salame, Bernadete ten Caten e a diretoria da Cosanpa apresentaram o projeto, por que o poço não estava nos panos de ampliação”, diz.
Em nota enviada à Redação do Jornal nesta quarta-feira pela Assessoria de Comunicação da concessionária, a informação era a seguinte: “A Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) informa que haverá racionamento de água nos núcleos Nova Marabá e Cidade Nova, no município de Marabá, sudeste do estado. A Companhia esclarece que a medida é necessária devido ao baixo nível do Rio Tocantins, de onde é feita a captação de água bruta para a Estação de Tratamento de Água da Nova Marabá, que distribui para os dois núcleos.
O abastecimento será suspenso no núcleo Nova Marabá às 22h desta quarta-feira, 30, e retorna a partir das 8h da manhã de quinta-feira, 31; nesse período o núcleo Cidade Nova terá o abastecimento disponível durante toda a noite, ficando suspenso a partir das 8 horas da manhã, quando será feito o movimento inverso para que Nova Marabá comece a receber água, e assim seguirá por 10 horas para cada núcleo. A Cosanpa ainda não sabe precisar por quanto tempo será necessário manter essa medida.
Segundo Ângela Raiol, coordenadora Técnica da Cosanpa em Marabá, “é indispensável que o núcleo Nova Marabá tenha água durante o dia, pois é onde ficam dois grandes hospitais da cidade”.
O presidente em exercício da Cosanpa, Antônio Crisóstomo, pede a compreensão da população de Marabá e esclarece que é a primeira vez que a companhia necessita adotar uma medida extrema desse tipo no município. “O índice pluviométrico foi muito baixo esse ano e nós perdemos 40% da vazão na ETA Marabá, por isso será necessário desligar uma das bombas para não danificar o sistema e isso implicará nesse racionamento de água”.
Segundo José Raimundo Souza, coordenador do 2º Distrito de Meteorologia no Pará, a estiagem já estava prevista para esta época, mas houve um fator surpresa. “Este ano houve uma antecipação desse fenômeno natural e o nível do rio Tocantins baixou 30 dias antes do período esperado”. Ainda segundo José Raimundo, a previsão é que o nível do rio Tocantins só comece a normalizar no mês de outubro, quando a estiagem deve ser amenizada com a volta das chuvas na região”.
Rio Tocantins
Com aproximadamente 2.400 km de extensão, o rio Tocantins é o segundo maior curso d’água 100% brasileiro, ficando atrás somente dos cerca de 2800km do rio São Francisco. O Tocantins nasce entre os municípios goianos de Outo Verde de Goiás e Petrolina de Goiás. Ele também atravessa Tocantins, Maranhão e tem sua foz no Pará perto da capital Belém. O rio também pode ser chamado de Tocantins-Araguaia, por se encontrar com o rio Araguaia. Os dois cursos d’água também dão nome à Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia, que é a maior do Brasil em área de drenagem 100% em território nacional. Por ser um rio interestadual, a gestão das águas do Tocantins é de responsabilidade da ANA. (Ulisses Pompeu)
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