Correio de Carajás

Vasta programação marcam os 22 anos do massacre da Curva do S

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizam durante todo dia de hoje, terça-feira, 17, uma ampla programação para celebrar o aniversário de 22 anos do confronto de Eldorado do Carajás, no sudeste do Pará, que aconteceu em 1996.

No episódio, que ficou conhecido mundialmente como Massacre de Eldorado do Carajás, 19 trabalhadores rurais morreram em confronto com a Polícia Militar, que foi ao local tentar desobstruir a pista, que estava bloqueada pelos colonos, que lutavam pela desapropriação da Fazenda Macaxeira, hoje o Assentamento 17 de Abril.

A programação começou às 9 horas com uma missa, celebrada pelo padre Jorge Gilioli, da Paróquia de Eldorado. Logo após a celebração, os integrantes do movimento interditaram a BR-155 para apresentações culturais em celebração à data.

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De acordo com lideranças do movimento, a pista ia ser interditada a cada 20 minutos ao longo do dia, até as 17 horas, quando será feita a última interdição, para um ato relembrando o episódio, que aconteceu nesse horário. A programação na Curva do S começou no dia 10, com o acampamento pedagógico, reunindo jovens de vários assentamentos da região e também de movimentos sociais da área urbana, que montaram barracos no local.

#ANUNCIO

Segundo Poliana Soares, dirigente nacional do MST, esse acampamento já é realizado há 13 anos, dentro da programação do dia 17 de Abril, quando a juventude debate vários temas sociais e todo dia, às 17 horas, faz uma rápida interdição da rodovia. “São 10 dias de atividades, que encerra no dia 17, em celebração ao massacre, onde nossos companheiros foram mortos de força covarde”, diz a líder do movimento.

Fazendo avaliação da política agrária brasileira, Poliana observa que o País nunca teve, de fato, uma política que atendesse ao homem do campo. “Se a política de reforma agrária fosse eficiente, não havia necessidade de se ocupar terra, como ainda acontece hoje”, acrescenta a dirigente do MST, destacando que houve um retrocesso nos últimos dois anos no programa de reforma agrária, o que fez aumentar a tensão e a violência no campo.

“Nesse período nós não conseguimos mais nenhuma conquista efetiva, como desapropriação de terra para criação de assentamento, assim como melhoria na infraestrutura dos já existentes”, afirma.

Ela analisa que o País ainda precisa avançar muito, para ter uma política que de fato atenda as necessidades do camponês, que luta pela terra. Por isso, a líder sem terra ressalta que o dia 17 de abril é uma data não só para lembrar as pessoas que morreram na luta pela terra, mas também para se fazer uma reflexão sobre vários pontos, que precisam avançar.

“O episódio de Eldorado foi um ato perverso e serviu não para nos intimidar, mas para aumentar nossa luta. Depois de Eldorado, tivemos conquistas importantes e precisamos seguir unidos, porque a luta é diária e nos últimos anos a coisa piorou, com perdas de direitos da classe trabalhadora. Nós não vamos nos aprisionar diante do sistema”, declarou.

Dos 154 policiais indiciados pelo Ministério Público pelo episódio de Eldorado do Carajás, apenas o coronel Mário Colares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira foram condenados a pena máxima por homicídio doloso. Pantoja foi condenado a 228 anos de prisão e Oliveira a 158 anos de reclusão. (Tina Santos)

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizam durante todo dia de hoje, terça-feira, 17, uma ampla programação para celebrar o aniversário de 22 anos do confronto de Eldorado do Carajás, no sudeste do Pará, que aconteceu em 1996.

No episódio, que ficou conhecido mundialmente como Massacre de Eldorado do Carajás, 19 trabalhadores rurais morreram em confronto com a Polícia Militar, que foi ao local tentar desobstruir a pista, que estava bloqueada pelos colonos, que lutavam pela desapropriação da Fazenda Macaxeira, hoje o Assentamento 17 de Abril.

A programação começou às 9 horas com uma missa, celebrada pelo padre Jorge Gilioli, da Paróquia de Eldorado. Logo após a celebração, os integrantes do movimento interditaram a BR-155 para apresentações culturais em celebração à data.

De acordo com lideranças do movimento, a pista ia ser interditada a cada 20 minutos ao longo do dia, até as 17 horas, quando será feita a última interdição, para um ato relembrando o episódio, que aconteceu nesse horário. A programação na Curva do S começou no dia 10, com o acampamento pedagógico, reunindo jovens de vários assentamentos da região e também de movimentos sociais da área urbana, que montaram barracos no local.

#ANUNCIO

Segundo Poliana Soares, dirigente nacional do MST, esse acampamento já é realizado há 13 anos, dentro da programação do dia 17 de Abril, quando a juventude debate vários temas sociais e todo dia, às 17 horas, faz uma rápida interdição da rodovia. “São 10 dias de atividades, que encerra no dia 17, em celebração ao massacre, onde nossos companheiros foram mortos de força covarde”, diz a líder do movimento.

Fazendo avaliação da política agrária brasileira, Poliana observa que o País nunca teve, de fato, uma política que atendesse ao homem do campo. “Se a política de reforma agrária fosse eficiente, não havia necessidade de se ocupar terra, como ainda acontece hoje”, acrescenta a dirigente do MST, destacando que houve um retrocesso nos últimos dois anos no programa de reforma agrária, o que fez aumentar a tensão e a violência no campo.

“Nesse período nós não conseguimos mais nenhuma conquista efetiva, como desapropriação de terra para criação de assentamento, assim como melhoria na infraestrutura dos já existentes”, afirma.

Ela analisa que o País ainda precisa avançar muito, para ter uma política que de fato atenda as necessidades do camponês, que luta pela terra. Por isso, a líder sem terra ressalta que o dia 17 de abril é uma data não só para lembrar as pessoas que morreram na luta pela terra, mas também para se fazer uma reflexão sobre vários pontos, que precisam avançar.

“O episódio de Eldorado foi um ato perverso e serviu não para nos intimidar, mas para aumentar nossa luta. Depois de Eldorado, tivemos conquistas importantes e precisamos seguir unidos, porque a luta é diária e nos últimos anos a coisa piorou, com perdas de direitos da classe trabalhadora. Nós não vamos nos aprisionar diante do sistema”, declarou.

Dos 154 policiais indiciados pelo Ministério Público pelo episódio de Eldorado do Carajás, apenas o coronel Mário Colares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira foram condenados a pena máxima por homicídio doloso. Pantoja foi condenado a 228 anos de prisão e Oliveira a 158 anos de reclusão. (Tina Santos)