Correio de Carajás

Cerco à Hydro

A multinacional norueguesa Hydro está cavando seu próprio buraco no Pará. Já existem cinco ações judiciais contra ela e outras estão a caminho. Apesar disso, a empresa não perde a pose, nem a costumeira arrogância. Na CPI da Assembleia Legislativa, vira e mexe, ela arma uma treta, tentando empastelar os trabalhos. Já foi até sugerido prisões, durante os depoimentos. O deputado Carlos Bordalo, presidente, porém, leva tudo na manha.

O jambu é gringo

Os ladrões do patrimônio genético da Amazônia não dormem de touca. Depois que os japoneses tentaram patentar o cupuaçu e o açaí, agora chega a notícia de que uma empresa dos Estados Unidos se diz dona da patente do nosso velho e conhecido jambu. O pessoal da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) já foi avisado pelos americanos de que deve paralisar seus estudos sobre as propriedades anestésicas do jambu.

Leia mais:

Égua, isso é pirataria

Os pesquisadores da UFAM, agora, estão impedidos de lançar no mercado uma pomada bucal de uso odontológico, usando o jambu como elemento genérico. O jambu é originário de regiões de trópico úmido, não existe nos Estados Unidos, nem na Europa. Mesmo assim, são 15 patentes americanas e 34 europeias. Só que o conhecimento do seu uso pra fins anestésicos vem dos povos tradicionais, que já manipulavam a planta pra aliviar a dor de dente muito antes da academia ou das patentes.

Ora vá.. Tio Sam

Do jeito que a coisa anda, esses gringos, que já quiseram se apropriar da copaíba, andiroba, jaborandi e outras substâncias só encontradas na Amazônia, mas que curam doenças, ainda vão acabar adotando como deles o pato no tucupi, o tacacá e a maniçoba. Nesse caso, teremos de pagar royalties para esses países. É muita cara de pau.

Surpresa indigesta

A lei eleitoral diz que ninguém pode fazer campanha antecipada, antes do período determinado pela legislação. Até aí, tudo bem. Ocorre que, na prática, já está todo mundo fazendo campanha, até comício, caminhada, fechando alianças, etc, nas barbas do Ministério Público Eleitoral. Ao redator da coluna, um promotor garantiu que passa o dia “anotando e vendo tudo” e que, depois, lá na frente, muitos terão “desagradáveis surpresas”.

Registro cassado

Na conversa, o promotor, cujo nome será omitido para preservá-lo de pressões internas e externas no MP, foi taxativo e fez uma revelação: “já tem muita gente praticando conduta vedada a agente público, campanha antecipada, até distribuindo benesses entre os eleitores”. Para a coluna, isso não é nenhuma novidade. Aliás, novidade será o MP agir com rigor e punir essas práticas que tornam nocivo e desequilibrado o processo eleitoral. Cassar registro de candidato é o mínimo a fazer.

Traidor e traído

Por falar em eleição, a moda agora é “pré-candidato”, que já é candidato faz tempo, negar apoio de quem antes atacava, afirmando que jamais iria marchar ao lado de fulano ou sicrano na campanha. Conversa fiada. Em alguns ambientes fechados de campanhas majoritárias – governo e Senado – as palavras “traíra”, “Barrabás”, “Silvério dos Reis” são as mais pronunciadas. Já existe até o traidor do traidor. Que é quem mudou de lado, traindo o velho aliado, foi traído pelo novo aliado, e quer voltar ao ninho antigo, mas não consegue.

____________________BASTIDORES_____________________________ 

* Quando se fala em biopirataria na Amazônia, é bom lembrar que americanos, europeus e asiáticos sempre quiseram tomar na marra o que eles sempre levaram daqui na boa, sob a capa de “turistas”.

* Não dos verdadeiros turistas, que vem pra cá gastar seus dólares e euros, encantados com nossas florestas, rios, biodiversidade e povo. Falamos dos pilantras disfarçados de pesquisadores – os verdadeiros são sérios e respeitam o território – que são pagos por grandes laboratórios para levar nossas riquezas.

* Eles contrabandeiam sapos, cobras, plantas, peixes, para transformar venenos em propriedades medicinais. Os brasileiros já estudam isso há décadas, mas eles, por serem mais espertos, querem até nos proibir de continuar o que nossos cientistas já começaram.

* Aqui pra nós: na verdade, os culpados para que este saque deslavado de nossas riquezas, genéticas, vegetais e minerais, esteja acontecendo, somos nós mesmos. Não damos valor ao que temos e só acordamos depois que já levaram tudo.

* Aí, depois, sobram aqueles discursos ideológicos de ódio, seja de direita ou esquerda, acusando os outros por nossa própria incompetência.

* Brasileiro é besta e o amazônida – seja paraense, amazonense, acreano, etc – é mais besta ainda. Chora sobre o leite derramado, mas deixa que a vaca vá para o brejo. E ainda aplaude e bajula os gringos.

* Nelson Rodrigues, escritor genial, que mapeou a alma do povo brasileiro, definiu nosso sentimento de inferioridade perante os “desenvolvidos” como “complexo de vira-lata”.

* Com o perdão dos verdadeiros vira-latas, é claro.

A multinacional norueguesa Hydro está cavando seu próprio buraco no Pará. Já existem cinco ações judiciais contra ela e outras estão a caminho. Apesar disso, a empresa não perde a pose, nem a costumeira arrogância. Na CPI da Assembleia Legislativa, vira e mexe, ela arma uma treta, tentando empastelar os trabalhos. Já foi até sugerido prisões, durante os depoimentos. O deputado Carlos Bordalo, presidente, porém, leva tudo na manha.

O jambu é gringo

Os ladrões do patrimônio genético da Amazônia não dormem de touca. Depois que os japoneses tentaram patentar o cupuaçu e o açaí, agora chega a notícia de que uma empresa dos Estados Unidos se diz dona da patente do nosso velho e conhecido jambu. O pessoal da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) já foi avisado pelos americanos de que deve paralisar seus estudos sobre as propriedades anestésicas do jambu.

Égua, isso é pirataria

Os pesquisadores da UFAM, agora, estão impedidos de lançar no mercado uma pomada bucal de uso odontológico, usando o jambu como elemento genérico. O jambu é originário de regiões de trópico úmido, não existe nos Estados Unidos, nem na Europa. Mesmo assim, são 15 patentes americanas e 34 europeias. Só que o conhecimento do seu uso pra fins anestésicos vem dos povos tradicionais, que já manipulavam a planta pra aliviar a dor de dente muito antes da academia ou das patentes.

Ora vá.. Tio Sam

Do jeito que a coisa anda, esses gringos, que já quiseram se apropriar da copaíba, andiroba, jaborandi e outras substâncias só encontradas na Amazônia, mas que curam doenças, ainda vão acabar adotando como deles o pato no tucupi, o tacacá e a maniçoba. Nesse caso, teremos de pagar royalties para esses países. É muita cara de pau.

Surpresa indigesta

A lei eleitoral diz que ninguém pode fazer campanha antecipada, antes do período determinado pela legislação. Até aí, tudo bem. Ocorre que, na prática, já está todo mundo fazendo campanha, até comício, caminhada, fechando alianças, etc, nas barbas do Ministério Público Eleitoral. Ao redator da coluna, um promotor garantiu que passa o dia “anotando e vendo tudo” e que, depois, lá na frente, muitos terão “desagradáveis surpresas”.

Registro cassado

Na conversa, o promotor, cujo nome será omitido para preservá-lo de pressões internas e externas no MP, foi taxativo e fez uma revelação: “já tem muita gente praticando conduta vedada a agente público, campanha antecipada, até distribuindo benesses entre os eleitores”. Para a coluna, isso não é nenhuma novidade. Aliás, novidade será o MP agir com rigor e punir essas práticas que tornam nocivo e desequilibrado o processo eleitoral. Cassar registro de candidato é o mínimo a fazer.

Traidor e traído

Por falar em eleição, a moda agora é “pré-candidato”, que já é candidato faz tempo, negar apoio de quem antes atacava, afirmando que jamais iria marchar ao lado de fulano ou sicrano na campanha. Conversa fiada. Em alguns ambientes fechados de campanhas majoritárias – governo e Senado – as palavras “traíra”, “Barrabás”, “Silvério dos Reis” são as mais pronunciadas. Já existe até o traidor do traidor. Que é quem mudou de lado, traindo o velho aliado, foi traído pelo novo aliado, e quer voltar ao ninho antigo, mas não consegue.

____________________BASTIDORES_____________________________ 

* Quando se fala em biopirataria na Amazônia, é bom lembrar que americanos, europeus e asiáticos sempre quiseram tomar na marra o que eles sempre levaram daqui na boa, sob a capa de “turistas”.

* Não dos verdadeiros turistas, que vem pra cá gastar seus dólares e euros, encantados com nossas florestas, rios, biodiversidade e povo. Falamos dos pilantras disfarçados de pesquisadores – os verdadeiros são sérios e respeitam o território – que são pagos por grandes laboratórios para levar nossas riquezas.

* Eles contrabandeiam sapos, cobras, plantas, peixes, para transformar venenos em propriedades medicinais. Os brasileiros já estudam isso há décadas, mas eles, por serem mais espertos, querem até nos proibir de continuar o que nossos cientistas já começaram.

* Aqui pra nós: na verdade, os culpados para que este saque deslavado de nossas riquezas, genéticas, vegetais e minerais, esteja acontecendo, somos nós mesmos. Não damos valor ao que temos e só acordamos depois que já levaram tudo.

* Aí, depois, sobram aqueles discursos ideológicos de ódio, seja de direita ou esquerda, acusando os outros por nossa própria incompetência.

* Brasileiro é besta e o amazônida – seja paraense, amazonense, acreano, etc – é mais besta ainda. Chora sobre o leite derramado, mas deixa que a vaca vá para o brejo. E ainda aplaude e bajula os gringos.

* Nelson Rodrigues, escritor genial, que mapeou a alma do povo brasileiro, definiu nosso sentimento de inferioridade perante os “desenvolvidos” como “complexo de vira-lata”.

* Com o perdão dos verdadeiros vira-latas, é claro.