Correio de Carajás

Cassado: Zé Martins não aceita decisão

Com o mandato cassado pela Câmara Municipal de Jacundá, o agora ex-prefeito José Martins de Melo Filho, o Zé Martins, diz confiar em Deus e no Poder Judiciário para voltar ao cargo do qual fora afastado pela justiça. “O poder está subindo na cabeça de muita gente”, disse ele na manhã desta sexta-feira (17) à reportagem do Jornal Correio.

A frase citada pelo ex-prefeito seria uma referência a seu vice na chapa que disputou as eleições para a prefeitura de Jacundá, o empresário Ismael Barbosa, que assinou as duas denúncias contra Zé Martins no dia 14 de maio deste ano, sob a acusação de que o ex-prefeito não teria apresentado sua prestação de contas à Câmara e também por descontar cheques na boca do caixa.

Mesmo se defendendo perante as duas comissões processantes, os 13 vereadores votaram unanimemente pela cassação do mandato do gestor em sessão plenária na Câmara na última terça-feira (14), tornando-o, por tabela, inelegível pelos próximos oito anos.

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Perguntado sobre qual a análise que faz dos processos que tramitaram no Poder Legislativo contra ele, Zé Martins foi veemente em afirmar que houve uma precipitação por parte da Câmara e do vice-prefeito que temiam pelo seu retorno, previsto para o final deste mês, após decisão da Justiça.

“Eles perceberam que eu estava voltando à Prefeitura e, por isso, anteciparam essa cassação com base em um processo que está na Justiça, onde pude me defender e tenho certeza que irei ganhar”.

Perguntado se recorrerá à Justiça contra a decisão do Poder Legislativo de Jacundá, ele respondeu que seus advogados estão analisando todo o processo e devem, sim, ingressar com ação na Justiça. “Acredito que vou reverter esse resultado, principalmente porque creio em Deus para conquistar essa vitória”.

Ressentido pela decisão unânime dos vereadores em afastá-lo definitivamente do Executivo Municipal e também porque as denúncias foram assinadas pelo seu ex-amigo e vice-prefeito, Ismael Barbosa, Zé Martins afirmou que se sente traído.

“Veja minha confiança no vice-prefeito: quando assumi a Prefeitura eu entreguei as secretarias de Finanças, Educação, Obras, Indústria e Comércio e mais outros cargos, tudo pra ele. E vejam o que ele me deu em troca? Apunhalou-me pelas costas”, cravou Zé Martins.

A posse do prefeito em exercício Ismael Barbosa acontece na próxima segunda-feira, às 20h no Plenário Ulisses Guimarães, da Câmara de Vereadores.

Entenda o caso

O primeiro relatório a ir a julgamento na Câmara contra Zé Martins foi pela acusação de improbidade administrativa e tratou de “omissão no envio para Câmara Jacundá da documentação física relativa às despesas públicas liquidadas no exercício de 2017”. No segundo relatório, também por atos de improbidade administrativa, o gestor Zé Martins é acusado, juntamente com o filho dele, Ronaldo Martins, que ocupou a secretaria de Finanças, de emitir e sacar valores financeiros por meio de cheques nominais que soma o montante de R$ 817.632,67.

Quanto a primeira denúncia, o prefeito Zé Martins apresentou defesa, através do advogado Maurílio Ferreira dos Santos. Nela, ele explica que “encaminhou a prestação de contas para o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e a documentação física das despesas liquidadas no exercício de 2017 ficaram na Prefeitura e estão em pode do denunciante”.

Na segunda denúncia, também feita pelo vice-prefeito e que foi a votação na sessão de terça-feira (14), Zé Martins disse em sua defesa que tem sofrido perseguição implacável do vice-prefeito. “Ele almeja se tomar o poder sem ter sido ungido pela vontade popular. Em relação aos pagamentos realizados foram para liquidar despesas públicas. Já os saques na boca do caixa decorreram da perda das senhas de acesso às contas bancárias em virtude de meu afastamento do cargo”, justificou o agora prefeito cassado. (Antonio Barroso, freelancer)