Correio de Carajás

Ideias e nova política

Ideias e nova política

Quando se critica os políticos, há sempre quem pergunte: então, o que fazer para mudar o quadro que temos? Primeiro, a política deve ser exercida como meio de expressar reivindicações comuns da população. Precisamos de uma política parlamentar independente, que não seja subordinada ao Executivo, mas que aja como canal de materialização de propostas que façam melhorar a prestação de serviços públicos.

Mandato compartilhado

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Outras ideias: a política parlamentar que ouve a população e filtra as ideias que se constituirão em projetos de lei para beneficiar a maioria. E que tal termos um parlamento como expressão da vontade popular, sem concessões a grupos ou elites políticas? Por fim, teríamos o mandato compartilhado, onde o político eleito se submeteria a fazer o que as bases sociais decidirem. Se não fizer, o político seria obrigado a renunciar ao mandato, por traição às bases.

Escravidão ideológica, fora

Quem estiver lendo a coluna poderá pensar: tudo bem, boas ideias, mas como colocá-las em prática se quem manda nos partidos são os velhos caciques, que não querem largar o osso? A mudança surgirá das urnas se tivermos candidatos eleitos que assumam compromissos e não velhas promessas que eles sabem que não irão cumprir. Uma nova política também se faz com novos políticos, sem vícios e sem escravidão ideológica.

Controle social, a mudança

O velho Ulisses Guimarães, cujas ideias nunca envelheceram, dizia sempre que “o político que não muda será mudado”. O mandato parlamentar precisa estar a serviço da população e não de interesses pessoais. Se os eleitores percebessem a importância do voto e a arma que tem nas mãos, os políticos não fariam o que fazem. Claro que há exceções, mas elas são poucas, bem poucas. O mandato de um novo político deve estar sob controle social. E de um velho político, também.

Cabôco bobeou, dançou

Ano passado a coluna advertiu que se o Pará não abrisse o olho perderia uma boa fatia dos R$ 12 bilhões que a Vale pagará ao governo federal pela renovação da outorga da ferrovia de Carajás. Ninguém do Pará com poder para impedir esse novo golpe contra o estado se mexeu. Eis que agora surge a notícia de que o Mato Grosso, que não produz um grama de minério, levará a bolada. Tudo armado em Brasília, sob as barbas dos políticos paraenses. E agora? O leite derramou de vez. Ou tem alguma jogada política na área?

 

________________________BASTIDORES__________________________

 

* No judiciário, costuma-se citar o adágio de que “a lei não protege os que dormem”, para se referir a um direito não reivindicado. Isso cai como luva no caso da renovação da outorga da ferrovia de Carajás.

* Um certo Conselho de PPI – Parcerias Públicas de Investimentos da Presidência da República – colocou a faca no peito da Vale e ameaçou que a renovação por mais 30 anos está assegurada. Mas, sob uma condição. A cruel condição.

* A condição de que a Vale construa a Ferrovia de Integração do Centro Oeste, que tem na sigla o sugestivo nome de Fico. A tal ferrovia ligará o município de Água Boa, em Mato Grosso, a Campinorte, em Goiás, numa extensão de 383 km.

* A casa paraense parece ter sido arrombada, mais uma vez. E agora até a tranca estão querendo levar. Quando o minério de ferro saiu pelo Maranhão, a chiadeira foi geral. Mas, é a tal coisa: ninguém brigou antes para que isso não acontecesse.

* É chato lembrar: a Lei Kandir roubou do estado mais de R$ 40 bilhões e a União não devolveu um centavo sequer até hoje. O projeto que recompõe essas brutais perdas anda em “banho maria”, em Brasília.

* Não precisamos de nenhum esforço mental para constatar a dura realidade: a madrasta União trata o Pará no chicote, porque seus enteados brigam mais entre si do que contra quem os oprime.

* Isso não é retórica, é fato. Perdemos a batalha do desenvolvimento ao longo das últimas quatro décadas. Pior: não aprendemos nem com as surras que levamos do governo federal. Continuamos a apanhar.