Todos os meses, Vanilde Regina Araújo comparece ao 11º Centro Regional de Saúde da Sespa (Secretaria de Saúde Pública do Estado do Pará), na Nova Marabá, em busca de medicação de alto custo para o irmão, José Araújo. Ele, que faz hemodiálise há um ano e seis meses, necessita de 36 injeções para manter-se saudável. Como não tem como custear a medicação, recorre ao estado para dar continuidade ao seu tratamento.
Embora Vanilde nunca tenha se deparado com a falta de remédio na unidade, essa possibilidade não está descartada, uma vez que o Ministério da Saúde vem diminuindo o repasse desse tipo de medicamento para os estados. “A gente sabe que o Ministério da Saúde, hoje, está deixando de atender os municípios em várias coisas, inclusive medicamentos”, disse à reportagem Lucília Lima Azevedo, farmacêutica do 11º Centro Regional.
Ela explicou que os remédios são fornecidos em três esferas, dentro dos programas de saúde: federal, estadual e municipal. “Mas os da esfera federal, que dependem única e exclusivamente do Ministério da Saúde, estão dando trabalho para vir. A gente pede sete mil e vêm quatro mil. Como é que nós vamos selecionar quem vai receber?”, indaga.
Izaldina Vitalina da Silva, moradora de Brejo Grande do Araguaia, faz hemodiálise há cerca de três anos. Ela também depende dos medicamentos da Sespa para tratamento, já que não tem dinheiro para compra-los. A senhora de 70 anos nunca viu faltar remédio na unidade da Sespa, mas teme que isso possa acontecer algum dia.
A farmacêutica Lucília diz que o racionamento dos medicamentos acaba prejudicando milhares de pacientes que dependem deste tipo de auxílio. “Tanto que agora em Belém vai ter uma manifestação no Hospital Ophir Loyola, porque tem uma medicação para transplantados, Tacrolimus, que já tem quase 60 dias que não vem. E se a pessoa não tomar, ela tem rejeição do órgão e o transplante é em vão”, confirma. Ela ainda garante que o Estado tem feito a sua parte.
“Temos todos os documentos de cobrança, no caso do Tacrolimus eles já estão vendo com o governo do Maranhão para fazer um empréstimo desse medicamento”.
Auditoria
A escassez de medicamentos em alguns estados do país chamou a atenção da Controladoria Geral da União (CGU), que realizou auditoria em várias secretarias de saúde. Em 11 delas, foi constado que há falta de planejamento para pedir, comprar e distribuir os remédios, e isso ocasiona o desperdício dos produtos.
A CGU ainda descobriu que 44% dos estados, dentre eles o Pará, descartaram essas drogas por estarem vencidas ou mal armazenadas. O órgão ainda apontou que o Ministério da Saúde falhou na fiscalização. (Nathália Viegas)
Todos os meses, Vanilde Regina Araújo comparece ao 11º Centro Regional de Saúde da Sespa (Secretaria de Saúde Pública do Estado do Pará), na Nova Marabá, em busca de medicação de alto custo para o irmão, José Araújo. Ele, que faz hemodiálise há um ano e seis meses, necessita de 36 injeções para manter-se saudável. Como não tem como custear a medicação, recorre ao estado para dar continuidade ao seu tratamento.
Embora Vanilde nunca tenha se deparado com a falta de remédio na unidade, essa possibilidade não está descartada, uma vez que o Ministério da Saúde vem diminuindo o repasse desse tipo de medicamento para os estados. “A gente sabe que o Ministério da Saúde, hoje, está deixando de atender os municípios em várias coisas, inclusive medicamentos”, disse à reportagem Lucília Lima Azevedo, farmacêutica do 11º Centro Regional.
Ela explicou que os remédios são fornecidos em três esferas, dentro dos programas de saúde: federal, estadual e municipal. “Mas os da esfera federal, que dependem única e exclusivamente do Ministério da Saúde, estão dando trabalho para vir. A gente pede sete mil e vêm quatro mil. Como é que nós vamos selecionar quem vai receber?”, indaga.
Izaldina Vitalina da Silva, moradora de Brejo Grande do Araguaia, faz hemodiálise há cerca de três anos. Ela também depende dos medicamentos da Sespa para tratamento, já que não tem dinheiro para compra-los. A senhora de 70 anos nunca viu faltar remédio na unidade da Sespa, mas teme que isso possa acontecer algum dia.
A farmacêutica Lucília diz que o racionamento dos medicamentos acaba prejudicando milhares de pacientes que dependem deste tipo de auxílio. “Tanto que agora em Belém vai ter uma manifestação no Hospital Ophir Loyola, porque tem uma medicação para transplantados, Tacrolimus, que já tem quase 60 dias que não vem. E se a pessoa não tomar, ela tem rejeição do órgão e o transplante é em vão”, confirma. Ela ainda garante que o Estado tem feito a sua parte.
“Temos todos os documentos de cobrança, no caso do Tacrolimus eles já estão vendo com o governo do Maranhão para fazer um empréstimo desse medicamento”.
Auditoria
A escassez de medicamentos em alguns estados do país chamou a atenção da Controladoria Geral da União (CGU), que realizou auditoria em várias secretarias de saúde. Em 11 delas, foi constado que há falta de planejamento para pedir, comprar e distribuir os remédios, e isso ocasiona o desperdício dos produtos.
A CGU ainda descobriu que 44% dos estados, dentre eles o Pará, descartaram essas drogas por estarem vencidas ou mal armazenadas. O órgão ainda apontou que o Ministério da Saúde falhou na fiscalização. (Nathália Viegas)
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