Há alguns meses, espaços públicos de Marabá, como quadras de esporte e praças, viraram palco para os ensaios de diversas quadrilhas juninas da cidade. Nessa reta final, os grupos estão com as coreografias na ponta do pé, ajustando apenas os últimos detalhes para a apresentação no 35º Festejo Junino de Marabá.
A reportagem do Correio de Carajás conferiu um dos ensaios da estreante “Arretados da Paixão”. Em uma das quadras esportivas da Folha 23, no Núcleo Nova Marabá, os integrantes da junina costumam se encontrar para os ensaios, que esta semana ocorreram diariamente.
Com 15 casais e mais umas 10 pessoas na organização, a ansiedade e o frio na barriga estão tomando de conta dos novatos da arena. “Eu nunca dancei quadrilha na minha vida e nunca fui ao Festejo Junino. Vou fazer a minha estreia dançando quadrilha e no Festejo. Estou muito nervosa”, fala a estudante Laís Miranda, de 19 anos.

Ela, que reside no Núcleo São Félix e tem uma filha de apenas três meses, se desdobra entre os estudos, a neném e os ensaios da junina. “Agora, nessa última semana, os ensaios estão acontecendo todo dia. Mas geralmente era duas ou três vezes na semana. Como tenho a minha filha bebê, pedi pra minha mãe me ajudar com ela para poder participar dos ensaios. Mas, hoje por exemplo, eu tive de trazer a neném”, conta ela, que entre um passo e outro, pegou a filha no colo para acalentar o choro.
Para o presidente da Junina Arretados da Paixão, Tiago dos Santos, o convite por parte da organização do evento veio tarde. “Muitas pessoas já tinham conhecimento do nosso trabalho e poderiam ter feito esse convite antes. Mas, o convite veio, graças a Deus”, se emociona Tiago, ressaltando que a Arretados vem de uma caminhada desde 2017.
Com medo de participar do Festejo Junino, a organização decidiu enfrentar todos os obstáculos e encarar o desafio. O presidente da junina afirma que o martelo sobre a participação foi batido há pouco mais de um mês.
Como em quase todas as quadrilhas juninas da cidade, a Arretados também sente na pele – ou no bolso – com a falta de dinheiro. Mesmo com a ajuda de custo da Prefeitura de Marabá, Tiago afirma que ainda existem dificuldades, como o transporte. “Somos convidados para participar de diversos festejos de bairros, mas não temos transporte e nem dinheiro para alugar um ônibus para chegar ao local da apresentação”, lamenta.

Além da rotina dos ensaios, que acontecem sempre no período noturno por conta da agenda dos brincantes que estudam e trabalham durante o dia, o grupo ainda organiza rifas, bingos e promoções para angariar mais recursos para a quadrilha.
“Esperamos fazer uma boa apresentação. Estamos ansiosos, mas confiantes”, finaliza Tiago. (Ana Mangas)